Louise Araujo – PopTevê

tribpop02020907.jpgEla chega para a entrevista com um longo e vaporoso vestido branco e sandálias rasteiras. O visual despojado que a atriz exibe com certeza seria alvo de algum comentário malicioso de sua atual personagem, a voluntariosa Isadora de Toma lá, dá cá. ?Não temos mesmo nada em comum, só o corpo. Até o cabelo é da Isadora!?, diverte-se a jovem.

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Explica-se: para compor o estilo da ?patricinha? adolescente, Fernanda teve que se submeter ao megahair, uma técnica de alongamento capilar, além de clarear as madeixas. Moradora da Barra da Tijuca, bairro da Zona Oeste do Rio, há oito anos, ela conta que teve oportunidade de encontrar muitas ?Isadoras? nos anos de colégio. ?A personagem é um exagero, claro. Mas não é difícil lembrar que essas meninas usavam umas roupas bem decotadas, falavam de um jeito mais mole…?, diverte-se.

Definitivamente, uma mudança radical para quem, até pouco mais de três meses atrás, dava vida a uma professora gordinha em

O profeta. A desajeitada Carola ganhou a simpatia do público e revelou o gosto da atriz pelos personagens que exigem entrega. ?Eu visto a camisa de verdade. Cada vez mais quero papéis diferentes, que me estimulem a criar coisas novas?, explica.

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Para afiançar que não se trata de puro marketing, pode-se apontar os sete quilos que a atriz paulistana adicionou à silhueta na época. Ou então,

o corte de cabelo sem imaginação que exibia, além das roupas nada glamurosas usadas em meio a um elenco com trajes impecáveis. ?Tive que aprender a viver sem vaidade, a não me achar bonita na tevê e ficar numa boa. Precisava me preocupar mais com minha interpretação?, avalia. Um processo nada fácil, mas que rendeu críticas positivas e que ela também aprovou. ?Valeu a pena, porque o resultado ficou mesmo diferente?, garante.

Conversa séria

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A atenção especial dedicada à atuação tem sido uma constante para Fernanda. Quando o assunto é teatro, por exemplo, ela é taxativa ao explicar o que faz dela, elogiada na tevê, uma atriz pouco assídua nos palcos. ?Não me disponibilizo a trabalhar com quem não me acrescenta nada?, diz secamente. Com duas peças no currículo, Beijo de verão e Os melhores anos de nossas vidas, ambas de Domingos de Oliveira, ela não tem meias-palavras para defender seu posicionamento. ?Só entro em um projeto se me fizer aprender, porque nunca fiz teatro para ganhar dinheiro. Praticamente pago para fazer?, defende.

O discurso sério de uma atriz tão jovem, que acaba de completar 23 anos, é, em parte, reflexo das quase duas décadas de carreira. Iniciada no mundo do entretenimento aos 5 anos, quando começou a fazer comerciais, Fernanda faz coro com outros atores que só vêem vantagens em crescer diante dos refletores. ?As pessoas acham que perdi alguma coisa. Talvez, mas também ganhei muito. Aprendi demais nessa época?, relembra.

A experiência garantiu tranqüilidade quando Fernanda integrou o elenco de Malhação. Ela, que durante dois anos esteve em Chiquititas, do SBT, já estava escolada no que os colegas começavam a aprender. ?Pode não parecer, mas isso faz uma diferença enorme para o ator?, explica. Saber se posicionar em frente às câmeras, diz ela, influencia o que o telespectador vê mais do que se imagina. ?Estar no ponto certo, sob a luz certa, permite que o público veja o seu olhar e entenda a sua mensagem?, ensina.

Hoje ela atribui a essas oportunidades o convite para trabalhar com nomes de peso como Miguel Falabella e Marisa Orth.

?A chance que alguém me deu lá atrás está refletindo até hoje. Serei sempre grata a quem apostou em mim?, assegura. E atualmente, dona de um contrato que a mantém exclusiva da Globo até 2011, Fernanda só pensa em ter que fazer megahair durante muito tempo. ?Novela eu posso fazer a qualquer hora. Já um programa como esse é único. E eu quero continuar vivendo a Isadora enquanto o público nos quiser?, finaliza.

Vocação para o bem

O ar angelical de Bianca Rinaldi lembra uma princesa de contos de fadas. Talvez por isso, a atriz paulistana seja constantemente convidada pelos autores das novelas a dar vida a mocinhas sofredoras. Tanto que, aos 32 anos, Bianca coleciona na carreira televisiva moçoilas de destaque, como a personagem-título de A escrava Isaura, e a médica Joana de Prova de amor. Em Caminhos do coração, nova novela das dez da Record, Bianca encarna mais uma heroína. ?Mas, desta vez, há um diferencial. Minha personagem vai sofrer, mas vai bater muito também?, adianta, aos risos.

Na trama escrita por Tiago Santiago e dirigida por Alexandre Avancini, Bianca encarna Maria, uma acrobata, trapezista e equilibrista de circo. Filha adotiva de Ana Luz, interpretada por Fafá de Belém, e Pepe, de Perfeito Fortuna, a vida da artista sofre uma reviravolta quando ela descobre que existe um mistério em relação ao seu nascimento. Ela é incriminada pela morte do pai, o milionário Sócrates, vivido por Walmor Chagas, dono da Progênese, maior rede de hospitais, clínicas e laboratórios do país que ela nem chegou a conhecer. ?A minha personagem é uma defensora e, por isso, vai buscar justiça o tempo inteiro. Principalmente quando descobrir que foi envolvida em uma armadilha?, explica.

Para compor a personagem, Bianca fez aulas de circo e mergulhou nesse mundo, através de livros e filmes. ?Apesar de ser uma heroína de ação, a Maria tem todos os atributos de uma protagonista romântica, como a doçura e o otimismo?, destaca. Acostumada a protagonizar novelas, Bianca conta que não tem mais medo das críticas. ?No início, me preocupava muito. Hoje, confio no que faço e nas pessoas que estão ao meu lado e que querem o meu melhor?, assegura. Apesar de só ter gravado 20 capítulos de Caminhos do coração, a atriz já analisou minuciosamente a sinopse e garante que sua personagem é bem real. ?Apesar de ser a mocinha da história, a Maria também vai cometer erros. Mas nunca vai buscar vingança?, revela.

Além das gravações da novela, Bianca ainda arranja tempo para gravar o programa Ressoar, também da Record, ao lado do apresentador Dudu Braga.

De 15 em 15 dias, a atriz viaja para São Paulo para encontrar o colega e gravar edições da produção que incentiva projetos voltados para a responsabilidade social.

O dom da soberba

Fabíola Tavernard – PopTevê

Em Sete pecados, Otília, personagem de Rosamaria Murtinho, não tem onde cair morta. Mas sua pose de madame é capaz de enganar os desavisados. Isso porque ela é uma legítima perua que insiste em propagar que come caviar no almoço, embora sua realidade seja bem diferente. ?Ela almoça sardinha com pão, mas tem o nariz tão em pé que não dá para acreditar?, diverte-se a atriz.

Por aí, dá para perceber que humor é o que não falta à personagem. Para deixá-la ?no ponto?, Rosamaria cortou os cabelos, tingiu em três cores e observou trejeitos de algumas dondocas. ?Você vai encaixando coisas aqui e ali. Mas quando a personagem é bem escrita é mais fácil?, diz, referindo-se ao autor Walcyr Carrasco, com quem já trabalhou em Chocolate com pimenta.

Aos 72 anos, Rosamaria tem sua trajetória entrelaçada à da tevê brasileira. A atriz estreou no teatro, por acaso, aos 18 anos, ao substituir uma atriz na peça Studio 53, de Paulo Francis. Após uma temporada em Portugal, ela voltou aos palcos brasileiros e estreou na tevê como a protagonista de A moça que veio de longe. De Ivani Ribeiro, a trama foi exibida pela extinta TV Excelsior em 1964, e seu último capítulo foi encenado ao vivo no programa A cidade se diverte. Por isso mesmo,

a atriz tem conhecimento de causa ao analisar as mudanças de lá para cá. ?Como fiz tevê ao vivo, essa tecnologia toda ainda me espanta. Mas sou ativa, vou lá e faço. Não fico pensando. Quando eu for para o caixão terei muito tempo para descansar?, brinca ela, que em outubro estréia no Rio de Janeiro uma peça sobre a vida da pintora mexicana Frida Kahlo, com direção de Caco Ciocler.

?A tevê é cruel com mulheres mais velhas?

Você sempre escolheu seus papéis? Já recusou algum?

Já recusei algumas coisas no teatro e no cinema e me arrependi. Na tevê, não deixaram que eu fizesse. Fui preterida por outra atriz. Mas isso acontece, é normal.

A que você acha que isso se deve?

A tevê é cruel com mulheres mais velhas, nunca têm papel. Para os homens tudo é permitido. Coloca uma barba e vira um comendador. Um bigode, vira um fazendeiro, um bon vivant, e por aí vai. Para senhoras acabadas é mais difícil. Nem é o meu caso, porque eu sou uma senhora, mas ainda não estou caindo aos pedaços. Mas acredito que o teatro seja mais generoso. O teatro é mágico. Você bota um ator e um banquinho, e aquilo vira uma encenação de Ricardo III, de Shakespeare. Nem precisa de um trono dourado.

Com 54 anos de carreira, o que você ainda quer realizar profissionalmente?

Penso em parar um dia. Pode ser que não aconteça, mas tenho essa vontade. Sabe de uma coisa? Nunca fui uma apaixonada pelo teatro. Descobri isso uma vez antes de entrar em cena. Estávamos eu e uma atriz no camarim, e ela ansiosíssima para entrar, falando das maravilhas de atuar. E eu só queria que acabasse logo. É lógico que acredito no meu talento, mas acho que não tenho essa vocação toda.

Então, se pudesse escolher, você teria tido outra profissão?

Bailarina. Eu dançava, mas tive um problema no joelho e parei. Por isso que gosto tanto dos musicais. Quando fiz Ô abre alas, sobre a vida de Chiquinha Gonzaga, descobri a alegria de interpretar com música.

É uma delícia.

Você passou a vida inteira sendo uma pessoa pública. Como lida com isso?

Já tive fases de não ter tanta boa vontade com a imprensa. Mas vejo isso como uma relação profissional. Não entendo essas atrizes de hoje em dia que não podem dizer que estão namorando. É engraçado. É normal que fotografem. Acho que ou você se acostuma com isso, ou vai ser camelô.

Faixa amarela

Fabíola Tavernard – PopTevê

Tiago Salomone é uma criança para lá de ativa. O ator de 11 anos, que vive o esperto Laerte em Sete pecados, é do tipo que não pára. ?Ele é curioso e comunicativo. É só entrar no elevador para querer saber da vida de todo mundo?, conta, aos risos, a mãe e empresária Adriana Salomone. Por isso mesmo, aos seis anos ele resolveu praticar uma atividade que lhe permitisse extravasar tanta energia. E pediu para ser matriculado no judô.

Bastou conhecer as técnicas da luta japonesa para Tiago não querer mais parar. Tanto que hoje ele conquistou a faixa amarela, a quarta da seqüência. Mas, por causa das gravações, Tiago não tem sido um aluno tão assíduo assim às aulas. ?Não estou conseguindo vir sempre, mas assim que terminar a novela, volto a me dedicar?, garante. Até porque o ator-mirim está encantado com o universo televisivo. Apesar de ser figurinha fácil em comerciais desde os cinco anos de idade – ele já participou de mais de 40 -, esta é sua primeira chance em novelas. ?Faço testes desde os oito anos e só agora consegui?, resigna-se ele, que faz teatro, cursos de interpretação para tevê e já participou dos filmes Didi quer ser criança e O cavaleiro Didi e a princesa Lili, além de ter protagonizado o curta Meus amigos chineses, de Sergio Sbragia.

Na trama, Laerte é filho de Dante e Clarice, interpretados respectivamente por Reynaldo Gianecchini e Giovanna Antonelli. A felicidade do menino só é abalada quando ele percebe a crise no aparentemente sólido casamento dos pais.

Apesar do ritmo de gravações, Tiago diz que sua rotina não mudou. Ele freqüenta a quinta série do ensino fundamental pela manhã e grava à tarde. Dá tempo até de ir às aulas de futebol de salão, esporte pelo qual ele também é apaixonado de vez em quando.

O menino diz ainda que se diverte com as inevitáveis brincadeiras dos colegas de classe. ?Eles me pedem autógrafo e perguntam se faço papel de mudo quando não tenho muitas falas?, brinca, jurando que, no que depender dele, a atuação é o caminho a seguir. ?Vou tentar continuar como ator. Se der, ótimo. Se não, penso em outra coisa?, encerra.