Era uma vez… a fidelidade

A tese da psicanalista e sexóloga carioca Regina Navarro Lins vem escorada nos 35 anos de atendimento a casais. Mais do que uma tese, Regina defende um novo modelo de relação amorosa a partir dos sinais que chegam de seus pacientes – seja no consultório, no jornal, nos programas de TV ou de rádio e nas palestras que faz pelo País. Ela exemplifica esses sinais.

“Os sinais estão aí pra quem quiser ver. Outro dia um ator surpreendido beijando uma mulher respondeu para o paparazzo que amava a namorada, mas que isso não impedia de beijar outra. Quer mais? Quando a gente liga a TV e vê que a novela das 8h trás cenas de amor a três como aconteceu em Duas caras (novela da Globo que retratou a relação entre Dália, Bernardinho e Heraldo) ou vai ver a Marilda com seus dois amores na Grande família (seriado da Globo) você vê que o poliamor já está chegando.”

Não atire pedras ainda… a autora não acha que é pra já. Ela mesma precisou amadurecer muito o tema para viver uma relação sem pacto de exclusividade, mas quer saber: tá dando certo. Ela e o terceiro marido, o romancista paulistano Flávio Braga moram juntos há oito anos e não se cobram tanto quanto nas relações anteriores. “Há um pacto de respeito e amor mútuo, mas o que o outro faz quando não está comigo não importa”, diz Regina, sem culpa, até porque isso não impede que a família – sendo dois filhos dos casamentos anteriores e o neto – se dêem bem.

Juntos, os dois escritores lançam Amor a três (Ed. BestSeller, R$ 19,90). Ele fez a ficção: duas histórias sobre momentos em que o afeto e o prazer derrotaram as determinações sociais e onda a bissexualidade entra no lugar do par tradicional formado por homem e mulher. Ela analisa as histórias com base na contemporaneidade dos fatos e conclui que o amor romântico – aquele inventado pela sociedade patriarcal do sec. XII para garantir que a herança seria deixada para o primogênito e o nome da família iria ser preservado (à custa de muita briga, ciúme e traições) – está morrendo graças ao politicamente correto.

“Por incrível que pareça a era do politicamente correto fez muita gente sair do armário, ao mesmo tempo que coíbe o preconceito alheio e daí surge uma nova mentalidade, mais preocupada com o individual; que busca uma relação especial, mas vai focar na personalidade do outro, independente dele ser homem ou mulher”, analisa Regina.

Casamento x sexo

Não há nada mais brochante do que o casamento, segundo os números da psicoterapeuta. “Pra cada homem que perde o tesão pela esposa há pelo menos quatro mulheres que deixaram de desejar seus maridos e dão início a uma relação de irmandade, sem desejo e com sexo ocasional.”

Segundo Regina isso acontece porque o casamento tradicional não é uma relação amorosa, é um contrato social que se presta a uma simbiose, a uma dependência emocional mútua, onde a paixão tende a dar lugar a um sentimento mais fraterno, como de irmãos. “Mas essa nova geração não vai aceitar viver sob padrões tão antiquados. As famílias estão em franca mudança. Isso vem acontecendo desde a época em que se admitiu o divórcio, que veio depois da pílula e liberou a sexualidade. Agora elas estão questionando os valores dessa sociedade patriarcal e recriando suas relações onde o masculino e o feminino não são tão diferentes e nem seguem os estereótipos.”

Otimista convicta, a psicoterapeuta garante que estamos mudando pra melhor, se livrando de preconceitos bobos e que foram ensinados como certos – como ciúme, alma gêmea, amor eterno. “Talvez não nossos filhos, mas nossos netos vivam numa sociedade muito mais solidária e livre”, anuncia Regina.

É, mas n&atil,de;o pense que a parte analítica é a que mais aparece no livro. Nas histórias picantes contadas por Flávio não falta sexo – a dois, a três, a quatro…na cama, na praia, num barco. Na realidade são dois livros em um: um de ficção erótica, outro sobre a revolução sexual que está chegando aí.

Chris Beller

Veia musical

Rodrigo Santoro sentiu uma pontinha de inveja ao saber que Ângelo Paes Leme, André Moraes e Jair de Oliveira, com quem ele contracena em Os desafinados, pretendem fazer shows no País com base no repertório do filme. Tanto que resolveu se dedicar mais ao aprendizado de instrumentos – apenas Santoro não é músico profissional no quarteto que protagoniza o longa. “Quando estiver no Brasil quero me apresentar com eles. Mas preciso ensaiar bem para estar à altura”, disse o ator que neste domingo é atração do Marília Gabriela entrevista, no canal pago a cabo GNT.

Além do trabalho no filme de Walter Lima Jr., e também dos longas norte-americanos dos quais participou recentemente, Rodrigo fala da sua rotina de vida – que inclui muitas viagens para dar conta da carreira internacional, que não se restringe aos Estados Unidos.

Neste ano, Rodrigo ainda poderá ser visto no filme Che, de Steven Soderbergh, cujo lançamento na Europa está previsto para setembro. No longa, o ator interpreta Raul Castro, irmão do ditador cubano Fidel (Benicio Del Toro). Foi sua primeira experiência atuando em espanhol e ele disse que “tremeu” ao contracenar com Del Toro.

Ele tem casa no Rio de Janeiro, mas passa grande parte do ano no exterior. Mesmo assim é apaixonado pela cidade, mas já foi mais. “Minha vida está no Leblon. O que noto muito é o óbvio: a violência, uma tensão constante. Como venho de fora não sinto essa tensão, então, vejo o contraste”, analisa.
Sem novela

Mais preocupado com a carreira no cinema internacional do que ficar meses gravando uma novela no Brasil ele diz que quer renovar contrato com a Globo. No início do mês o bonitão recusou um convite para protagonizar uma novela na Record no valor de R$ 80 mil.

Pra ele, mulher não falta. Solteiro cobiçado, bonitão e famoso, Rodrigo diz não estar à procura de um novo par, mas não dispensa sexo. Mas como é um romântico, escolhe minuciosamente. “Eu me respeito muito, não faço as coisas por fazer. Procuro me alinhar, conectar, com meu interior para ver o que interessa para mim”, afirma.

Fora do ar

O programa Quem pode mais!, apresentado por Daniella Cicarelli, sairá da grade de programação da Band. A atração, exibida nas tardes de domingo, seria transferida para sábado à noite, mas a emissora voltou atrás em sua decisão.

De acordo com a assessoria de imprensa da Band, o perfil do programa não combinaria com os telespectadores de sábado, então, Cicarelli voltará
ao ar no comando de uma nova atração na segunda quinzena de outubro.

O Quem pode mais!, que estreou em março deste ano, poderá ser visto apenas até a semana que vem, porque tem edição pronta.

Audiência

A briga pela audiência entre Globo e Record ganha novo capítulo a cada dia. Principalmente quando o assunto é novela, o produto de maior sucesso na televisão brasileira. Há pouco mais de dois meses, A favorita estreava com 35 pontos, a pior média de uma novela das oito da Globo. Enquanto isso, Caminhos do coração terminava com 23 pontos e Os mutantes marcava 24 no primeiro dia.

A emissora do bispo Edir Macedo cantava vantagem e Tiago Santiago, autor dos folhetins e supervisor de teledramaturgia, prometia roubar o primeiro lugar no Ibope do canal do Rio de Janeiro.

O enredo agora é outro. A trama da Globo repercute nas ruas e se consolida na cas,a dos 40 pontos, e a história dos seres geneticamente modificados fica nos 16 pontos, sem fazer tanto barulho. O sinal de alerta soou nos bastidores da Record. Não bastasse a recuperação da concorrente, a reprise de Pantanal, surgiu no SBT para atormentar sua novela das dez, Chamas da vida. Em entrevista por e-mail, Tiago Santiago analisa o momento, provoca a Globo e diz que não tem medo do SBT.

Pingue-pongue

* Você declarou que A favorita fracassaria depois da revelação da assassina, mas a novela continua com 40 e poucos pontos de média, o que hoje é considerado um bom número pela Globo. Sua previsão foi equivocada?

“Não estava equivocado. Deu 46 pontos com a revelação, mas deu 33 pontos no sábado. Tem dado pouco mais de 40 pontos só uma semana depois da campanha de relançamento. Minha previsão está correta.”

* Por que a audiência de Os mutantes caiu?

“Ela caiu um pouco por causa da campanha forte da concorrência, mas não poderia ver como problema uma audiência que em sua pior semana continua sendo maior que as suas antecessoras no horário. Minha expectativa é de que a gente mantenha médias acima de 15 pontos, subindo nos próximos meses.”

Os mutantes se multiplicam na novela. Já pensou na possibilidade de ter exagerado?

“Estou entrando com ETs e naves espaciais, preciso criar novidades porque estou há um ano no ar.”

A audiência de Chamas da vida é ameaçada por Pantanal (Record e SBT disputam o segundo lugar de audiência no horário). A teledramaturgia da Record está em crise?

“Não há crise na teledramaturgia da Record. Pantanal é uma reprise, e o SBT dificilmente produzirá algo à altura para sustentar a concorrência.”

O SBT prepara Revelação, Silvio Santos já comprou os direitos de parte da obra de Janete Clair e está sondando autores. Isso assusta?

“Já esperava que eles fizessem esse movimento em direção à teledramaturgia nacional por questão de sobrevivência. Vamos continuar o trabalho que estamos desenvolvendo de ampliação da produção (a Record planeja um terceiro horário de novelas, 19h em parceria já firmada com a mexicana Televisa).

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