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O que a periferia do Primeiro Mundo tem em comum com a do Terceiro?
Regina Casé – Como aqui, na periferia do Primeiro Mundo não moram pessoas do Primeiro Mundo.
Os moradores da periferia de Paris são descendentes de argelinos, marroquinos, de imigrantes da Costa do Marfim, pessoas que estão lá há cinco gerações, mas não se sentem do Primeiro Mundo porque não são considerados franceses. Claro que o conjunto habitacional, que consideram horrível lá, seria quase de classe média aqui. A grande diferença é que no Brasil não há imigrantes nas favelas, aqui não há cidadania, mas há naturalidade, todo mundo se sente daqui. Em Clichy havia um silêncio sepulcral, eu disse a eles: se fosse no Brasil ia ser uma festa. Eles até arranjaram umas pessoas com motos para animar a gravação. Na Cidade do México, estivemos em uma favela sete vezes maior do que a Rocinha, Neza, que acabou virando uma cidade, com prefeito e tudo.
Como você foi recebida?
Regina – Como aparento ser mexicana, colombiana, e o Estevão (Ciavatta) é negro fora do Brasil, em qualquer aeroporto do mundo somos maltratados, mas quando chegamos à periferia é o contrário. Avisaram que era perigoso ir a Clichy, que os moradores haviam quebrado 30 câmeras de TV quando houve aquelas manifestações há dois anos. Na mesma hora que falei que era brasileira e mostrei no iPod o que a gente fazia no Central da Periferia eles entenderam imediatamente. Todo mundo sabe tudo, existe uma rede de conexão entre as periferias. Eles conheciam o filme Cidade de Deus, a ponto de repetir diálogos inteiros.
O que o Brasil pode aprender com o pessoal da periferia?
Regina – A primeira coisa é a noção da realidade.
O entendimento de que a felicidade não está no passado nem no futuro, mas no presente. Nesses lugares não há emprego para ninguém, em Angola não há trabalho para mulher que não seja a de vendedora ambulante. A maioria da população vive na informalidade. Temos de entender que o informal, o ilegal e o marginal é que é o real. Aceitar que o modo em que vivem essas pessoas não é exceção, mas a regra.
A periferia é maioria no Brasil, então temos de pensar a sociedade como um todo. Nos comportamos com se olhássemos para o espelho e nos enxergássemos sem a cabeça, um braço ou um pé. Ninguém tem de ser legal com a periferia para ser bonzinho claro que todo mundo tem medo de ser assaltado. Quem mora lá está mais sujeito à violência do que quem só esbarra nela de vez em quando. Seria melhor para a periferia e para o Brasil oficial se ela fosse encarada como uma coisa real. E mais saudável cair na real, porque não adianta querer enfiar debaixo do tapete.
Livro proibido
A Justiça da Califórnia ordenou que o ex-marido de Jennifer Lopez pague US$ 545 mil (mais de R$ 1 milhão) à cantora por tentar publicar em livro revelando a intimidade dos dois.
A sentença inclui uma cláusula que impede permanentemente Ojani Noa, separado da cantora desde 1998, de publicar qualquer fato particular sobre o casamento para ganho pessoal.
No livro Noa alegaria que Lopez teve muitos casos durante os 11 meses da união dos dois, incluindo um com o cantor de salsa, Marc Anthony, seu terceiro e atual marido. Os planos de Noa para o livro foram revelados em janeiro do ano passado no jornal New York Post.
Vilã de primeira
?As pessoas demonstram mais os sentimentos.?
E não é à toa. Fernanda chegou para atrapalhar de vez a vida da doce Camila, personagem de Patrícia Werneck, que havia caído no gosto dos telespectadores.
A oportunidade de viver a vilã depois de duas mocinhas a ?riponga? Letícia, de Malhação e a espevitada Baby, de O profeta surgiu quando Juliana estava pensando em férias. ?Mas é Gilberto Braga, né? Não tinha como recusar. Acho ele um dos autores mais incríveis?, derrete-se.
Mostrando que está mesmo agradecida ao autor, ela não perde tempo em defender a personagem. ?Mas, por favor, não me achem louca!?, pede, às gargalhadas. Irmã de criação de Fred, vivido por Paulo Vilhena, ela em breve vai abrir o jogo com o rapaz sobre o amor que sente por ele. ?Sei que não é um padrão, mas isso acontece. O destino trouxe para ela um príncipe encantado e ela não quer perdê-lo?, define.
Para criar o mundo da personagem, Juliana recorreu a passeios pela sofisticada Rua Oscar Freire, em São Paulo, e leu o romance Hell, escrito pela patricinha francesa Lolita Pille. Mesmo se definindo diferente da personagem, ela deixa escapar que os amigos encontram semelhanças. ?Eles dizem que temos o mesmo cinismo calmo. Ela nunca faz provocações gritando, fala as maiores barbaridades com uma cara totalmente tranqüila?, encerra, brincando.
Pagando cofrinho
Deve ser mal de família.
O marido de Eva, Tony Parker, buscar também já deixou o derrière à mostra numa viagem de férias com a mulher a St. Tropez.
No tribunal
Vera Fischer está processando a revista Playboy. A atriz que foi capa da publicação em 2000 – ela já tinha posado outras quatro vezes – diz que suas fotos foram usadas indevidamente na edição de agosto, a mesma que traz Iris Stefanelli na capa.
?O contrato não tem prazo especificado para a publicação das fotos.
E se uma data não consta no documento, pela lei ele expira em cinco anos. Como as fotos foram feitas em 1999, já tem quase dois anos que essas imagens não poderiam ser veiculadas?, explica o advogado da atriz, Sylvio Guerra.
Poliglota
Wagner Moura é o dono da voz que narra a versão americana do filme Tropa de elite, de Zé Padilha. O ator, que vive o vilão Olavo em Paraíso tropical, já fez a narração em português e agora faz o mesmo em inglês. O filme tem previsão de estréia nacional para outubro.