Apesar da aparência frágil, desde que estreou na tevê, Débora Falabella coleciona papéis de mulheres fortes. Prova disso é a drogada Mel, de O clone, e a idealista Sinhá Moça na novela homônima. ?Acho que o teatro nunca me permitiu me iludir com as pequenas vaidades da tevê. Por isso, além de me considerar uma atriz de teatro, tevê e cinema, tenho consciência do meu papel?, avalia. Agora, Débora dará vida a mais uma personagem controversa em Duas caras, nova novela das oito da Globo. Ela é Júlia, uma estudante de cinema que, durante a gravação de um documentário na favela da Portelinha, se apaixona por Evilásio, personagem de Lázaro Ramos que trabalha na Associação de Moradores do local.
Para a atriz, o mais interessante de Júlia é sua disposição para quebrar barreiras. Afinal, na trama de Aguinaldo Silva, a moça enfrenta o preconceito da família por se envolver com um homem negro e de uma classe social mais baixa. ?Além de negro, o Evilásio mora na favela. O mais interessante é que para Júlia isso não tem o menor problema?, descreve.
Antes de começar a gravar Duas caras, o contato mais próximo que Débora havia tido com a favela foi quando visitou o grupo de teatro Nós do Morro, dirigido por Guti Fraga. Na ocasião, a atriz ficou encantada com a iniciativa do diretor e, principalmente, com a vontade de aprender dos alunos. ?Achei impressionante como os garotos do Nós do Morro são mais conscientizados e politizados que muitos da idade deles?, elogia.
?A tevê tem um falso glamour?
Em Duas caras, sua personagem é uma jovem rica que se apaixona por um homem pobre e negro. O que você acha desse romance que já nasce proibido?
Acho que o mais bacana dessa história é que ela quebra uma barreira. Ela é uma estudante de cinema, de uma família tradicional do Rio de Janeiro, da alta sociedade, e se apaixona pelo Evilásio, que é o personagem do Lázaro Ramos. O romance dos dois começa quando ela vai à Portelinha fazer um documentário e o confunde com um assaltante. Na hora, ela fica muito envergonhada, mas logo corrige o erro e os dois se apaixonam.
Você contracena com um time de craques, de Marília Pêra e Stênio Garcia a Lázaro Ramos. Como está sendo esta experiência?
Maravilhosa. Nada melhor do que ser filha do Stênio Garcia e da Marília Pêra. E a parceria com o Lázaro tem sido encantadora. Nunca tinha trabalhado com ele e estou achando o máximo. Ele é abençoado. Acho que quando o ator vem do cinema tem mais chance de mostrar o seu trabalho. Espero que a história dos nossos personagens dê certo.
Quando um personagem seu cai no gosto do público, como você encara o assédio?
Com naturalidade. Acredito que, quanto mais natural você for com as pessoas, melhor. Agir de maneira natural é a melhor forma de destruir o falso glamour da televisão. É claro que, às vezes, é um pouco inconveniente as pessoas ficarem olhando e reparando o que você está fazendo. Mas levo isso com muita tranqüilidade.
Beleza à francesa
A personagem marca o retorno da atriz, de 24 anos, aos folhetins. Depois de Bang Bang e durante quase dois anos, Alinne se dedicou apenas ao cinema e ao teatro. De volta aos sets de gravação há 15 dias, ela não disfarça o nervosismo. ?Sabe qual o meu maior medo? Descobrir que desaprendi a fazer tevê, que estou fazendo tudo errado?, confessa.
Pelo menos para os fãs, essa certeza só vem a partir da segunda semana de outubro, quando está prevista a entrada de Maria Sílvia na trama. Após 10 anos em Paris, onde se formou em museologia, a jovem volta ao Brasil motivada pela morte do pai, João Pedro, interpretado por Herson Capri. Coisas do destino: há cerca de dois meses, Alinne passou pela mesma situação. ?Ainda não sei se ter perdido meu pai há tão pouco tempo vai me bloquear ou me ajudar?, admite.
Na ficção, as preocupações serão outras. Acostumada com um padrão de vida elevado, Maria Sílvia vai sofrer um choque de realidade ao se deparar com as mazelas brasileiras. ?Ficar um ano fora já muda a pessoa, quanto mais uma década. Ela se tornou uma européia e reage mal ao clima, à moda e às pessoas?, enumera.
Para conferir veracidade ao perfil ?Velho Mundo?, Alinne deixou para trás o estilo praiano que a consagrou. Fugiu do corpo bronzeado, abandonou os reflexos que clareavam os cabelos de suas personagens e voltou a exibir uma franja, recurso que foi marca do seu look ao longo de 7 dos 11 anos de carreira como modelo. ?Fui colhendo informações sobre a Sílvia e, quando entendi a personagem, decidi me inspirar na Audrey Hepburn. O que é ótimo, porque adoro ela!?, empolga-se.