O último capítulo foi ao ar há três meses, mas o público não esquece Paraíso tropical. Prova disso é que a novela escrita por Gilberto Braga e Ricardo Linhares levou quatro das cinco categorias de dramaturgia da eleição dos Melhores do Ano de PopTevê/UOL em 2007. O dado mais instigante da votação que elege Ator, Atriz, Atriz Revelação, Ator Revelação, Teledramaturgia e Programa é que a categoria Teledramaturgia teve cerca de três vezes mais votos que as demais: foram 60.594 votos contra cerca de 20 mil das outras categorias.
Como já é de costume, os vilões se tornaram os tipos preferidos. Em 2007, os de má índole e caráter duvidoso continuaram a fazer a festa. Tanto que Wagner Moura foi eleito o Melhor Ator em disparada, com 63,87% dos votos, pela interpretação do sádico Olavo de Paraíso tropical. ?O Olavo foi diferente de tudo o que já fiz até hoje. Foi uma brincadeira com a figura do vilão. Me diverti muito fazendo?, garante o ator.
Quem também conquistou a simpatia dos eleitores foi Camila Pitanga, que deu vida à impagável prostituta Bebel de Paraíso tropical. Com a estrondosa marca de 68,67% dos votos, a atriz levou o título de Melhor Atriz, vencendo a experiente Vera Holtz, que fez a decadente Marion de Paraíso tropical, que obteve 9,56% dos votos, e a carismática Giovanna Antonelli, a doce Clarice de Sete pecados, que conseguiu 4,24% dos votos. ?Contracenar com atores tão talentosos e generosos como o Wagner Moura e o Chico Diaz foi fundamental para a Bebel conquistar tantas pessoas?, minimiza Camila.
Patrícia Werneck, eleita Atriz Revelação pela interpretação da Camila de Paraíso tropical, tem discurso parecido. Ou seja: atribui seu feliz resultado na trama das oito ao autor, ao diretor e aos colegas de elenco. ?É muito bom ser reconhecida pelo meu trabalho. Mas só tenho a agradecer à equipe da novela?, subestima-se Patrícia, que ganhou 46,77% dos votos. Para fechar os prêmios de Paraíso tropical, a novela que disputou a preferência do público com Luz do sol e Vidas opostas, ambas da ávida concorrente Record, também levou a melhor na categoria Teledramaturgia e garantiu 45,97% dos votos. ?Não se pode fazer uma história atraente sem bons personagens?, defende Gilberto Braga, autor da novela.
Já a categoria Ator Revelação não ficou com Paraíso tropical. O ator-mirim Guillermo Hundadze levou o título, com 43,13% dos votos. O intérprete do inocente Quinzinho, da fracassada novela das seis Eterna magia, de Elizabeth Jhin, credita o sucesso do personagem à meiguice do menino. ?Donas-de-casa, vovôs e vovós gostam de ver crianças. Acho que o meu personagem cativou pela simplicidade e pelo ar de desprotegido?, defende o menino.
A grande surpresa do ano talvez tenha sido o resultado da categoria Programa. Ao contrário dos anos anteriores, desta vez A grande família, da Globo, não conquistou o posto de Melhor Programa, que coube ao humorístico Pânico na TV!, da Rede TV! (foto à direita). Com 22,93% dos votos, o programa comandado por Emílio Surita tirou do páreo a tão aclamada família, que obteve 21,99% dos votos. ?Todo mundo que trabalha no Pânico é muito talentoso. Acho que o público também se identifica muito com as idéias loucas que o Emílio tem?, diverte-se a apresentadora Sabrina Sato.
Carla Neves – PopTevê
O dono da história
Gilberto Braga gosta de sofisticação. No que escreve, lê ou assiste, o autor de Paraíso tropical diz que na maioria das vezes o ?glamour? está presente. E é a isso que ele credita, em parte, o sucesso da trama escolhida como Melhor Novela de 2007 na votação de UOL e PopTevê. Apesar de ter saído do ar há dois meses e meio, a história que teve o tradicional bairro carioca de Copacabana como pano de fundo continua viva na lembrança dos telespectadores. Não é à toa que recebeu 45,97% dos 60.594 votos da categoria. ?Eu, pessoalmente, prefiro a glamourização tanto no que escrevo quanto como telespectador. Mas vejo outras histórias que seguem uma linha diferente e são muito bem-sucedidas?, pondera o escritor, que assinou a novela com Ricardo Linhares.
Aos 51 anos, Gilberto Braga, que escreveu sua primeira novela, Corrida do ouro, em 1974, ao lado de Lauro César Muniz, ainda como colaborador, diz que não é um autor de pesquisa. A inspiração para suas 17 novelas e quatro minisséries vem do dia-a-dia, e da ?lente de aumento? que usa para observar as pessoas e situações ao seu redor. ?Uso coisas que vi em filmes, peças e livros. Mesclo também a vida dos amigos e a minha própria. Mas é claro que uso muito a minha fantasia?, entrega.
Fabíola Tavernard – PopTevê