Amar em tempos de crise é algo bastante complexo. O fatídico 12 de junho se aproxima, as ações caem e o dólar também. Os preços dos possíveis presentes ficam lá no alto e o orçamento disponível para isso fica bem raso. Não bastasse esse sobe e desce, ainda há o fato de que muitas pessoas perdem os respectivos empregos e outras tantas continuam na fila por trabalho. Também na crise, há os que perdem os namorados e muitos ainda procuram por um.

continua após a publicidade

Se no Dia das Mães, segundo a Associação Comercial do Paraná, as vendas ficaram aquém do esperado, será que as pessoas estão dispostas a investir no amor? Depende da economia e depende também da psiquiatria. Aí que entram os terapeutas – tão conhecidos entre os casais.

Freud explica

Marilene Faria, psiquiatra e homeopata, explica que estar ou não apto a dispensar mais pelos outros depende do momento da vida em que nos encontramos. “Acredito que amar seja diferente em cada estágio da vida, à medida que amadurecemos aprendemos a compartilhar o melhor de nossos sentimentos”, afirma. Sobre o gostar de dar e receber presentes, seja em datas especiais ou não, ela diz que é o “o desejo do ser humano em ser reconhecido como especial, único, raro. Trocar presentes simboliza essa cumplicidade do que um representa para o outro”.

continua após a publicidade

Se para alguns amar é extremamente fácil, para outros é quase impossível. Isso também tem explicação. “Amor é sentimento bastante complexo, que necessita da capacidade de formar vínculos. Estar disposto a amar não é suficiente. Amar é criar laços, baixar defesas, assumir responsabilidades, aprender a demonstrar as emoções sem reservas, nem todos estão dispostos a pagar esse preço”, explica a doutora Marilene.

Amar é…

continua após a publicidade

Que querer alguém e procurar é quase uma ânsia, todo mundo sabe. A terapeuta também tem uma boa explicação para isso: “A necessidade do afeto é uma das maiores características que diferenciam o ser humano dos animais”. “Um recém-nascido não sobrevive sem que lhe seja ofertado afeto, mesmo que isso signifique ser alimentado corretamente, medicado e mantido em condições de higiene. Caso o bebê não receba afeto, aconchego no abraço, calor humano, amor, ele não sobrevive.

Assim somos pelo restante de nossas vidas, sabemos instintivamente que necessitamos ser amados e amar”, completa a psiquiatra.

Raio-X do mercado

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) prova como é grande essa busca. Veja bem: a população estimada do Paraná é de 10,535 milhões de habitantes, segundo dados de 2008, que atesta 200 mil mulheres a mais que homens. Em 2007, no Estado, foram registrados 57.490 casamentos, 4.489 separações e 9.096 divórcios. De quase três milhões e meio de arranjos familiares, 11,2% são unipessoais, ou seja, solteiros morando sozinho (57,3% mulheres e 43,7% homens).

Najia Furlan

Ainda dá tempo de acertar no alvo

Tem agência, site especializado e até um movimento na internet para bancar o cupido. A Par Ideal é uma das formas de se procurar alguém. Sheila Rigler é a diretora dessa agência de casamentos, que funciona em Curitiba há 14 anos. Pedagoga, ela conta que sempre adorou estudar as relações humanas e hoje, dedica “o tempo e a experiência de vida para assessorar homens e mulheres que buscam uniões estáveis”. Como boa “agenciadora” que é, Sheila sabe bem quem busca. “Quem acha que quem se cadastra são pessoas feias, problemáticas, encalhadas. Ledo engano. São pessoas bonitas, bem sucedidas, na faixa etária de 21 a 78 anos, 95% com nível superior, das classes A e B, que priorizam a vida profissional, não têm tempo, não querem se expor lugares da moda e querem se relacionar com pessoas do mesmo nível cultural e social”, garante. Segundo ela, 40% dos clientes cadastrados são homens e 60% são mulheres.

E o que todas essas pessoas buscam? “Em primeiro lugar companheirismo, amor, carinho, respeito, fidelidade são imprescindíveis para ambos os sexos. O home,m é visual. Se ele não achar uma mulher bonita ou não se sentir atraído por ela, não irá conhecê-la. Já a mulher é conquistada pelo homem educado, inteligente, gentil, cavalheiro, mesmo que não seja bonito”, orienta Sheila.

Ambiente virtual

As tentativas de encontrar alguém não se resumem às agências matrimoniais. Dá para acreditar que até um “Movimento dos SEM Namorados” foi criado? A ação acontece na internet, com comunidades no Orkut e no Twitter, além dos cadastros no site de relacionamento ParPerfeito (de onde partiu essa iniciativa) e no site próprio do movimento. No Rio e em São Paulo, os integrantes do movimento fizeram até passeatas – reais: “homens e mulheres ‘protestaram’ contra a dificuldade de encontrar seu par”. No Rio protestaram mais de 500 solteiros e em São Paulo foram mais de três mil.

A carioca Ana Paula Lyrio tem 25 anos e é estudante de teatro e professora de inglês. Está solteira há dois anos. Uma das integrantes do “Movimento dos Sem Namorados”, ela desabafa: “Geralmente procuramos por amor, compromisso, mas como hoje em dia esta cada vez mais difícil de achar, acabamos por buscar meios que possam nos ajudar”. Ana acredita que hoje o mais fácil é “optar apenas por se divertir, ficar, mas nunca levar um compromisso a diante”.

O mais legal de fazer parte do movimento, segundo a candidata a um namorado, é encontrar pessoas que buscam o mesmo que você, o que facilita a procura e o encontro. “Já passei muitos Dias dos Namorados sozinha, mas agora isso vai acabar. Pretendo encontrar um amor de verdade ate o dia 12 de junho”, anima-se.

O vendedor Lucas Crisanti tem apenas 20 anos, está solteiro há cinco meses, mas já voltou a procurar. Ele ficou sabendo do protesto dos Sem Namorados no Rio e lá se juntou aos demais da avenida Rio Branco com um único objetivo: “Arranjar uma namorada”. “Eu quero uma pessoa que fique comigo, que seja companheira”, revela. Ele diz que se atrai pelo senso de humor, mas que aparência é fundamental. “Tem que ser uma pessoa que se cuida, cheirosa. Pretendo, mas não sei se vou encontrar alguém até o próximo dia dos namorados.”

Recomendações

Se você não está acreditando na quantidade de integrantes que tem o Movimento dos Sem Namorado, ou até se você tem interesse na causa, dê uma conferida no www.movimentodos semnamorados.com.br. Como
está divulgado, logo na página de abertura do site: mais de 60 casais já foram formados e, como divulga a assessoria de imprensa, em dez dias (do último dia 15 até a última segunda-feira) foram mais de 25 mil cadastros.

Então, para concluir, a dica de especialistas é a seguinte: enquanto a crise não passa, todo cuidado é pouco e vale tanto para formar nova ou desfazer uma parceria.

NF

Danielle Winits e Cássio Reis lançaram o movimento “hora do beijo”. Ideia do Boticário para incentivar os namorados a se beijarem no dia 12 de junho, às 22h22, espalhando uma grande energia de amor pelo mundo. Outro casal de atores, Flávia Alessandra e Otaviano Costa, usaram a paixão para divulgar a campanha contra o câncer de mama. Eles doaram o cachê da campanha da Hering para o IBCC.