É difícil encontrar uma mulher que não goste de sapatos. Diferentemente das roupas, os calçados não estão sujeitos à aposentadoria com as súbitas mudanças de manequim e ainda podem definir o estilo de uma roupa. Os modelos que estarão em alta nesta temporada outono-inverno são uma releitura dos ícones da moda nos últimos 40 anos. Ou seja, vão desde a sapatilha imortalizada nos anos 60s com a modelo Twiggy ao estilo dark dos anos 80s, passando pelo glamour da época do império, onde se destacavam as peças com detalhes dourados e materiais nobres como cetim e veludo.
Mas quando o assunto é sapato, duas peças aparecem com toda força nesta estação: as ankle boots e os peep toe. Traduzindo: as ankle boots são as botas de cano baixo, na altura do tornozelo, e os peep toe são aqueles sapatos de salto que lembram o scarpin, mas que deixam à mostra os dois dedos da frente.
As botas de cano longo justas à perna são outra forte tendência para este inverno, destaca Eunice Lopez Valente, professora do curso de Design de Moda da Universidade Tuiuti do Paraná (UTP). ?As botas estão sempre na moda, mas este ano o destaque é para a composição com leggings ou vestidos curtos combinados com meias grossas?, comenta. Este ano, porém, elas ganharam acessórios próprios, como laços, tiras, correntes, fivelas, entre outros.
A jornalista e consultora de imagem, moda e estilo Christiane Meireles lembra que a ankle boot é um modelo que exige pernas finas – ou até excessivamente finas -, mulheres esguias, com formas alongadas. A consultora de moda Denise Bianco, que também é professora do curso de Design de Moda da UTP, reforça esta tese, ressaltando que a ankle boot é uma peça que encurta a silhueta. Para as mais cheinhas que não abrem mão de estar na moda, Denise orienta uma composição com calças jeans, fugindo dos leggings e roupas justas que delineiam a perna. ?O sapato pode levantar um look, quando bem usado, mas também pode estragar o visual quando a peça não favorece?, destaca.
Estilo animal
O look selvagem das estampas animais, como leopardos, oncinhas, tigresas e zebrinhas, transforma a mulher em uma guerreira urbana, sem perder a feminilidade. Os modelos podem contrastar com outros materiais, como cetim e veludo, e também receber detalhes delicados.
Anos 50s e 60s
O resgate da bonequinha de luxo moderna, com saltos grossos e sapatos meia-pata, formas geométricas e muito verniz. Sapatos peep toe, sapatilhas e o modelo boneca, com bicos arredondados e saltos anatômicos.
As botas cano longo vêm coladas à perna. Materiais metalizados e os supermacios, como a camurça.
Rebeldia
A rebeldia dos anos 80s e 90s, com uma influência dark na predominância do preto e do cinza. Saltos altíssimos nas botas de bico fino com uma influência da moda imperial, destacando uma moda de rua com peças exageradas, com broches e fivelas. Destaque também para o estilo grunge, com botas largas e peças em couro com aspecto desgastado. Os tons terrosos, aliados ao cinza e o preto, traduzem o espírito do movimento.
Abuso de beleza
Para muitas atrizes, o ?processo? de preparação – maquiagem, cabelo e figurino – antes das gravações é chato e exaustivo. Mas isso não se aplica a Maria Fernanda Cândido. A atriz, que vive a sofisticada Fabiana em Paraíso tropical, está com a vaidade mais ?aguçada? desde o início da novela. Adora passar preciosos minutos no camarim, está para lá de antenada nas últimas tendências da moda e é fã do estilo sofisticado e ao mesmo tempo minimalista da advogada que interpreta.
Desde que estreou na tevê em Serras azuis, da Band, ela estava acostumada a participar de novelas de época. Nestas, como Terra nostra -trama em que conquistou destaque -, Esperança, e a minissérie Aquarela do Brasil, Maria Fernanda viveu mulheres simples, modestas, que passavam longe de roupas e acessórios sofisticados. Nessa fase, aliás, ela acreditou que em breve teria a chance de viver uma mulher contemporânea. Mas logo foi escalada para a minissérie Um só coração, ambientada na década de 20, onde deu vida à governanta Ana Schmidt. Por aí, dá para imaginar sua expectativa em mostrar ao público seu lado ?atual?. ?Estou satisfazendo uma vontade antiga, que é fazer uma novela do Gilberto Braga. Além de urbanos, os personagens têm o perfil psicológico bem delineado?, avalia.
Embora bem traçado, o psicológico de Fabiana é bem complicado. Apesar de ser uma mulher de indiscutível beleza e uma profissional bem-sucedida, a moça vive um conflito que lhe tira o sono. Ela é amante de Antenor, empresário vivido por Tony Ramos. Como se não bastasse ele ser seu chefe, o figurão é casado há décadas com Ana Luísa, de Renée de Vielmond, de quem – ele jura – vai se separar em breve. Mas a própria Fabiana sabe que o empresário, na verdade, a está ?enrolando?. Conclusão: por trás daqueles imponentes 1,76 m, existe uma mulher frágil, carente e desiludida. ?Ela sofre porque vive uma situação que vai contra seus princípios?, contemporiza.
Mas não por muito tempo. Esta semana a vida da advogada vai passar por uma grande reviravolta. Ana Luísa, a mulher traída, descobrirá o tal romance secreto e vai pedir a separação. O que deveria significar ?caminho livre? para Fabiana, vai virar um pesadelo e ela será demitida por Antenor, que também terminará o romance. É quando sua participação na trama deve se encerrar, como estava previsto na sinopse inicial.
Ao se preparar para a personagem, aliás, a paranaense de 32 anos percebeu que existem muitas Fabianas por aí. Maria Fernanda visitou o Fórum de São Paulo, conversou com várias advogadas, e constatou um fato curioso. Apesar da eloqüência e eficácia de argumentação dessas profissionais perante o júri, quando o assunto é sentimento, a sensação é de um certo ?bloqueio mental?. E elas demonstram toda sua fragilidade. ?Conheci mulheres inteligentíssimas que caem no papo desses caras e ficam nessa situação desconfortável por anos?, exemplifica.
Fabíola Tavernard – PopTevê