Fabíola Tavernard – PopTevê

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Em Paraíso tropical, Marion, interpretada por Vera Holtz, é uma promoter falida que faz quase tudo para se dar bem. Dissimulada, a vilã, que no início parecia ser apenas mais uma ex-ricaça tentando reemergir, mostrou que é capaz de armar as maiores falcatruas e dedica seus ociosos dias a conspirar com os mais diferentes trambiqueiros. Mas uma das coisas que Vera mais tem notado nas ruas é que suas maldades não provocam raiva no público. ?Acho que é pela familiaridade dos brasileiros com os vilões. É só abrir os jornais que vemos um monte deles lá?, ataca.

Sem partir em defesa da personagem, Vera acredita que Marion teve uma trajetória que a levou para o lado do mal. Para ela, a armadora se arrepende de algumas escolhas que fez. Talvez a maior delas seja ter tentado dar o golpe da barriga em Xavier, empresário vivido por Roberto Maya.

A tentativa não deu certo e, por ironia do destino, em seguida ela engravidou de seu então motorista, com quem teve Ivan, bad boy vivido por Bruno Gagliasso. ?É difícil contracenar com aquela cara linda do Bruno?, derrete-se. Diante de tamanha frustração, ela só quer voltar a promover eventos sociais e estar entre os holofotes. ?Ela tem atração pelas luzes e quer as facilidades que o dinheiro dá?, avalia.

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Neste ponto exclua-se o lado deslumbrado com a fama, intérprete e personagem têm bastante em comum. Agitada, a atriz de 53 anos adora viajar e estar em diferentes ambientes. Com tanta vivacidade, é natural que ela atraia olhares por onde passa. ?Sou curiosa, atenta. Quebrar paradigmas ajuda a exercitar minha criação?, explica.

É a essa ?oxigenação mental?, aliás, que ela credita a capacidade de dar frescor a cada personagem que interpreta. Logo que saiu de Belíssima, onde viveu a fogosa Ornela, Vera tirou férias. Na volta, foi convidada para a primeira fase de O profeta, onde encarnou Ana, mãe do protagonista Marcos, vivido por Thiago Fragoso.

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A atriz ia participar da minissérie Amazônia – de Galvez a Chico Mendes, mas, às pressas, foi chamada para substituir Joana Fomm que, por problemas de saúde, não pôde interpretar a promoter.

Assim como acontece com Marion, que já transitou na ?nata?, a atriz acredita que é difícil para um ator se manter sempre em evidência. Vera, que contabiliza 28 anos de carreira, começou no teatro e, por isso mesmo, acredita que os palcos ofereçam uma ?proteção? maior aos novos talentos. ?Fui lapidada na atuação sem estar exposta em um veículo de massa, como a tevê?, pondera. Com essa experiência, ela diz que procura ajudar os menos experientes. ?Não custa nada dividir o que sei dessa carreira tão cruel onde são muitos chamados e poucos escolhidos?, pontua, profética.

Apesar de reconhecer seus vários percalços, Vera diz que só se encontrou de verdade ao entrar no mundo da interpretação. Nascida em Tatuí, interior de São Paulo, ela dava aulas de Geometria Descritiva quando, seguindo a ?moda? de Piracicaba, cidade em que morava, resolveu fazer um curso de expressão corporal. Ao ouvir do professor que levava jeito para a coisa, a moça de sorriso fácil resolveu fazer testes para a EAD – Escola de Artes Dramáticas da USP. Aprovada, ela se encantou com as múltiplas possibilidades de criação que encontrou. ?Não planejei nada. Olho para trás e digo que a vida me surpreendeu?, aponta a atriz, que se formou em 1979.

Pequena notável

Louise Araujo – PopTevê

Marisol Ribeiro é uma jovem de estatura média, corpo magro e movimentos delicados. Mesmo assim, sua presença atrai olhares. Reflexo certamente do trabalho da atriz como Eliete, personagem que interpreta em Sete pecados, da Globo. ?Procuro fazer com que ela pareça ser batalhadora e correta. O texto está muito bem escrito para ela. Basta eu ser verdadeira?, acredita.

Mas antes de experimentar tal popularidade, Marisol corria atrás de outros objetivos. Aos 20 anos, ela passou uma temporada em Buenos Aires estudando Cinema. ?Na Argentina, é uma arte muito forte, equivale a estudar Direito aqui?, compara. Só que surgiu um teste no meio do caminho e ela acabou trocando o diploma pela chance de viver a espevitada Kerry, em América. Mesmo reconhecendo que a novela de Glória Perez lhe deu uma grande exposição, Marisol minimiza a pressão de ter se tornado conhecida em pleno horário nobre. ?Não vejo diferença entre novela das seis, das sete, das oito. As pessoas talvez reconheçam mais, mas no estúdio a ?pauleira? é igual?, contemporiza.

Hoje Marisol tem a chance de reencontrar um autor que fez parte de sua infância. Explica-se: mesmo sendo seu primeiro trabalho com Walcyr Carrasco, foi ainda criança que a atriz descobriu a literatura infanto-juvenil produzida pelo escritor durante a década de 80. ?Admiro o trabalho dele desde então. Tenho vários livrinhos!?, derrete-se. Agora ela vive histórias bem diferentes. Em meio a tantos personagens com um quê de fantasia, a jovem professora enfrenta os problemas bem reais do ensino público. ?Espero que o colégio melhore, claro que mais fora do que dentro da ficção. As escolas estão piores do que na minha época, e olha que já eram bem ruins?, critica.