O sorriso largo de Daniella Cicarelli tem andado mais constante. E tal bom-humor tem uma explicação profissional: a recente mudança de emissora, depois de seis anos na MTV. Desde 1.º de janeiro de 2008, a apresentadora mineira faz oficialmente parte do casting da Band e, pela primeira vez, conhecerá os meandros de um canal aberto. ?Sei que isso vai exigir esforço e sacrifício. Mas estou disposta a aprender e tenho cara-de-pau. Isso ajuda muito?, diverte-se a modelo, que já mantinha negociações com diversos canais e começou a ser sondada pela Band há cerca de um ano e meio. Sua carreira é relativamente curta. Após a estréia em 2002, comandando o MTV Sports, ela passou por produções tão diferentes quanto o Notícias de biquíni, ao lado de Cazé Peçanha, e o Beija sapo, que comandou sozinha nos últimos três anos. ?Não é exagero: se eu soltasse o microfone, ele ia sozinho. Até o público já sabia o que fazer?, exagera.
Já o novo programa guarda uma boa dose de surpresas, pelo menos até agora. Apesar de ter sido anunciada como a grande novidade na nova programação da Band, sabe-se muito pouco sobre o formato em que Daniela vai trabalhar. As únicas certezas são a respeito do horário vespertino, da periodicidade semanal, irá ao ar aos domingos e do público-alvo. Além dos jovens para quem fala habitualmente, dessa vez ela também vai tentar ?abocanhar? o resto da família. ?Quero também que o pai, a mãe, os avós e até os animais da casa assistam. Para mim, o legal é saber que a família está unida. Isso tem um significado muito grande?, valoriza. Em busca da fórmula para atingir tão variadas gostos, a mineira não descarta a possibilidade de recorrer a brincadeiras do estilo Namoro na tevê e promete apostar em sua capacidade de divertir. ?Programa de domingo tem de ter leveza e ser bem-humorado. E eu tenho um certo parentesco com o palhaço do picadeiro, adoro fazer graça?, admite.
Prova disso é que o sorriso imenso continua impassível mesmo quando o assunto é a má sorte que acompanha muitos dos VJs que se aventuraram pelos canais abertos. Pergunte o que ela acha da chamada ?praga da MTV? e a resposta de Daniella invariavelmente será bem-humorada. ?Isso é que nem macumba, só pega em quem acredita!?, decreta, às gargalhadas.
É também com esse espírito que ela enfrenta a guerra pela audiência. Adentrando a arena dos domingos, em que Globo, SBT e Record disputam cada ponto do Ibope.
A outra face
Desde que começou a dar vida à preconceituosa Solange em Duas caras, Sheron Menezes passou a ser alvo de comentários revoltados do público a respeito da personagem. Tudo por conta da maneira como a ?metida a patricinha? trata o pai, Juvenal Antena, interpretado por Antônio Fagundes na trama das oito da Globo. ?As senhoras, principalmente, me param na rua para pedir para eu não maltratar o meu pai?, diverte-se, surpresa. Bem-humorada e bastante sorridente, a gaúcha de 25 anos não lembra em nada a esnobe filha do líder comunitário da Portelinha. ?Às vezes, acho a Solange ridícula. Mas o jeito dela é tão sem noção que chega a ser engraçado!?, opina, aos risos.
É justamente esse ar surreal da personagem que encanta Sheron. Afinal, segundo ela, é uma experiência e tanto interpretar alguém tão diferente dela na realidade. ?A Solange é negra e nega a raça, mora na favela e diz que vive em um condomínio na Barra e não admite a possibilidade de se casar com um favelado?, descreve. É por essas e outras que a atriz não aposta em uma mudança de atitude para a ?patricinha?. ?Apesar de ter dado uma melhorada, a Solange é muito mimada. E acho que esse jeito dela não vai mudar?, avalia a atriz, que já atuou em Celebridade e Belíssima, entre outras novelas.
Sheron conta, inclusive, que por incrível que pareça é esse jeito ?nariz em pé? da filha de Juvenal Antena que vai seduzir Claudius, personagem de Caco Ciocler. Nos próximos capítulos da novela, o desenxabido advogado que desde o início da trama nutre um amor não-correspondido por Maria Paula, vivida por Marjorie Estiano, vai começar a olhar com outros olhos para Solange. ?Vi declarações de que ela e o Claudius vão ficar juntos?, conta, com ares de mistério.
Cabeça feita
Alexandre Borges sempre se interessou por psicologia. Aos 41 anos, o ator, que vive o Escobar em Desejo proibido, acredita que entender como funciona a ?psique? humana ajuda a construir os personagens. ?É um mundo do qual eu já tinha noção, porque vivenciamos, na atuação, vários tipos de sentimentos?, explica. O que ele não imaginava é que teria de se aprofundar no assunto, especificamente na psicanálise, para viver o médico dos anos 30. O ator teve de conhecer desde os primórdios da ciência até a evolução do que se considera ?loucura? na sociedade. ?O Escobar exerce a profissão nos primórdios da psicanálise. É quase uma cobaia que não sabe lidar direito com a atividade?, avalia.
Uma das coisas que mais o impressionaram, aliás, foi saber que os loucos já foram taxados como ?seres divinos? em determinada época, excluídos do convívio social em outra, e novamente inseridos mais tarde.
Por acreditar que conhecendo o passado é possível influenciar o presente é que Alexandre tenta dar um toque contemporâneo ao personagem. Em seu primeiro trabalho de época em novelas – ele só viveu personagens do tipo em minisséries como Amazônia e A muralha -, o ator diz buscar emoções que, acredita, sejam inerentes à época.
Com 20 anos de carreira, Alexandre se diz satisfeito com seus papéis na tevê. Mas reconhece que tipos conquistadores é o que não faltam, como o Alberto de Belíssima e o Danilo de Laços de família. Quanto ao charme que emprestou a vários personagens, ele mal disfarça o sorriso. E deixa claro que não faz parte do time de atores que negam um trabalho por considerá-lo parecido com o último. Para ele, o mais importante é o exercício da profissão.
A maturidade, aliás, parece ter lhe trazido uma consciência importante da profissão. Dono de uma simpatia e gentileza marcantes, Alexandre diz entender que não pode sair impune do fato de ?entrar na casa das pessoas? diariamente através da novela. ?É natural essa curiosidade. Gosto que as pessoas falem do trabalho?, salienta.
Pérola Negra
Não é à toa que Barretinho, personagem de Dudu Azevedo em Duas caras, vive correndo atrás de Sabrina. Afinal, Cris Vianna, a intérprete da sensual empregada da casa de Barretão, de Stênio Garcia, é dona de curvas irretocáveis. Para manter a bela silhueta, a paulistana de 30 anos recorre três vezes por semana às aulas de alongamento e balé clássico do professor Jean-Marie, na Sauer Danças, no Jardim Botânico. ?As aulas do Jean me colocam no eixo. Com elas, aprendo a conhecer o meu corpo melhor, a me colocar na postura correta e a respirar. Ele é maravilhoso!?, derrama-se, acrescentando que o bailarino também dá aulas para outras atrizes, como Alinne Moraes e Paula Burlamaqui.
Com 1,76 m de altura e 58 quilos, Cris nem precisaria se preocupar em manter a boa forma. Mas como cada personagem requer uma postura e uma respiração diferentes, ela acredita que é fundamental estar bem fisicamente. ?O fato de você se conhecer fisicamente favorece na composição de qualquer personagem?, defende. O entrosamento entre a atriz e o professor é tão grande que Cris admite ficar triste por não ter tempo de freqüentar as aulas diariamente.
Depois que começou a ir às aulas de três horas de Jean-Marie ela faz uma hora e meia de alongamento e uma hora e meia de balé clássico , Cris passou a se sentir mais relaxada. Durante as atividades, que proporcionam uma espécie de ?consciência corporal?, já que combinam exercícios de alongamento aos princípios básicos do balé clássico, a atriz pratica passos na barra e no chão. Tudo com o objetivo de deixar os movimentos mais delicados e a ficar ereta.
Em sua quarta novela na Globo ela já atuou em América, Sinhá Moça e O profeta Cris começou a carreira como modelo, ainda na adolescência. Ao contrário da maioria, contudo, durante a época em que ?modelava?, ela estudava para se formar como atriz. ?Não fui fazer um curso pequeno para ver se gostava. Já tinha posto na cabeça que queria ser atriz e, por isso, fiz logo um curso profissionalizante?, lembra ela, que tem no currículo os cursos Globe, a Escola de Atores de Wolf Maya, a Escola de Beto Silveira e a Oficina de Atores da Globo.
Além de estar brilhando na tevê, Cris também tem tudo para surpreender o público com sua atuação no cinema. É que a atriz está no elenco do filme 174, de Bruno Barreto, que deve estrear no Brasil depois do Festival de Cinema de Cannes. No longa, baseado no seqüestro do ônibus 174, no Rio de Janeiro, ela interpreta Marisa, a mãe adotiva do seqüestrador Sandro. ?Fiz um laboratório absurdo para o filme, já que interpreto três fases de vida dela: aos 18, aos 28 e aos 35 anos?, conta ela, que também já atuou nos filmes Jogo subterrâneo, de Roberto Gervitz, e Sexo com amor, de Wolf Maya que também deve estrear este ano.
De aspirante a homem de época
Caio Junqueira ainda se espanta quando é parado nas ruas do Rio de Janeiro onde mora por conta de sua atuação como o aspirante Neto no filme Tropa de elite, de José Padilha. ?O Neto ainda é um personagem muito presente. Quando as pessoas me vêem, imediatamente lembram do filme e me chamam de 06 ou aspira?, surpreende-se o ator, que atualmente dá vida ao engenheiro Gaspar em Desejo proibido, da Globo. Apesar de ter sido convidado para a trama das seis bem antes da estréia do badalado longa, o ator acredita que o boom do ?aspira? foi o que certamente entusiasmou Walther Negrão, autor da novela, a escrever mais para o Gaspar. ?O Walther veio me dizer que tinha adorado o filme e que ia me aproveitar de forma bacana na novela. E isso está acontecendo mesmo?, reconhece.
Longe das novelas desde A Escrava Isaura, exibida em 2004 na Record, Caio conta que já estava com saudade de fazer teledramaturgia. Tanto que se esmerou na composição do personagem. Antes da trama estrear, teve aulas com o ator e diretor teatral Amir Haddad e assistiu a palestras com uma historiadora que o colocou a par sobre o que se passava em Minas Gerais na década de 30, local e época, respectivamente, em que a novela é ambientada. ?Também fiz uma preparação pessoal. Me inspirei na figura do meu avô para criar o Gaspar, principalmente porque ele é da época?, acrescenta.
Na pele do engenheiro da companhia ferroviária que encanta as moçoilas de Passaperto, principalmente a doce Guilhermina, interpretada por Camila Rodrigues, Caio está tendo a oportunidade de acrescentar mais um personagem de época ao seu currículo ele já atuou em produções como Engraçadinha, A vida como ela é e Hilda Furacão, entre outras. ?Gosto de fazer época porque é um trabalho que requer mais cuidado. Não é uma coisa cotidiana. É preciso pesquisar e estudar os comportamentos detalhadamente?, explica o ator, que tem 31 anos e 22 de carreira.