Até o advento do profissionalismo no futebol brasileiro ocorrido a partir e 1933, o que se praticava em termos de futebol, se restringia ao amadorismo, com raras exceções. Na verdade, mesmo dentro do amadorismo, existiam categorias chamadas superiores e inferiores, com o chamado futebol varzeano, ocupando terrenos particulares alguns até com ausência de gramado. Enquanto os clubes da categoria superior passavam a disputar campeonatos oficiais em campos fechados os varzeanos realizavam animadas competições onde os jogadores procuravam representar seus bairros com verdadeiro amor à camisa. Diversas ligas amadoras foram criadas para regulamentar tais campeonatos. Com destaque para a Liga Curitibana de Esportes Atléticos (L. C. E. A.) onde acontecia o chamado “celeiro de craques”. Alguns clubes daquela liga como o Junak (posterior Juventus) e Savóia (depois Água Verde e Pinheiros) subiram para a divisão principal. Outro clube que se destacou na LCEA e hoje milita na Suburbana é o Ipiranga F.C., que foi bicampeão daquela liga. O Botafogo das Mercês revelou o zagueiro Zanetti que foi ídolo do Atlético Paranaense.

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Escudo da A. A. Boqueirão (ex-Sindicato).

Divisor de águas

Em 1941 os clubes suburbanos se reorganizaram para fundar a Liga Suburbana de Curitiba (LSC) com jogos disputados no antigo Parque Graciosa no Juvevê, ex-campo do Coritiba, posteriormente do Britânia e Palestra Itália.

Em 1948, a Federação Paranaense de Futebol criou seu Departamento Amador criando a 2ª e 3.ª divisão de amadores e a 1.ª Divisão abrigava clubes profissionais. O progresso no amadorismo foi bastante acentuado com o correr dos anos. Alguns clubes se destacavam esportiva e patrimonialmente acontecendo a primeira reclassificação em 1959. O diretor Vectogírio Calvo irmão do então presidente Gêneris Caldo comandou a ação de separar “o joio do trigo” dividindo os clubes em Divisões. Em 1965 houve a segunda reclassificação comandada pelo diretor do Departamento Dr. Osmar Toniolo e o campeonato daquele ano teve quatro divisões distintas. Muros externos, alambrados e túneis de acesso na divisão principal e cerquinhas internas nos campos das divisões inferiores. Tudo melhorou consideravelmente. Na época o clube mais destacado se chamava Operário SC do Ahú com melhor estádio, colecionador de títulos mas que parou de disputar campeonatos cedendo suas dependências para a atual Urca (clube social). Não conformados com o falso amadorismo que passou a campear na Suburbana outros clubes seguiram o exemplo do Operário do Ahú, tais como Operário Mercês, Botafogo, Poti, Bacacheri A. C. etc. Já não se faziam festivais esportivos como antigamente… Podemos citar outro exemplo de grande clube que se tornou o “Fenômeno da Suburbana” Real E.C. do saudoso Waldomiro Rauth que extinguiu suas atividades. Na década de 60 existiam muitos campos de futebol espalhados nos bairros de Curitiba onde se realizavam jogos da então 3ª divisão somando quase uma centena se participantes, divididos em inúmeras séries: Amarela, Verde, Vermelha, Azul , Branca e Preta. A Tribuna do Paraná, que surgiu em 1956, é responsável pela cobertura fotográfica da maioria dos jogos o que acontece até hoje, dentro da medida do possível. Programações radiofônicas (Rádio Cultura, E-Paraná, Rádio Mais e TV Transamérica são divulgadores ativos do amadorismo. O número de filiados no momento não chega a quatro dezenas. Os estádios, na maioria são iluminados para jogos noturnos.Recentemente o Pilarzinho inaugurou os refletores no Estádio Bôrtolo Gava. O Grêmio Ipiranga já instalou o sistema de iluminação no Estádio Elba de Pádua Lima, o que vai acontecer dentro de um mês, no Estádio José Germano da Costa da A. A. Boqueirão. O saudoso Dilon Waldrigues teve um trabalho dinâmico na direção do departamento amador, hoje confiado ao competente Nelson Dias Ugolini, o conhecido Abatiá.

Estádio José Germano da Costa: atual sede do Boqueirão.
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