Pouco depois que o Davi nasceu, eu comprei esse livrinho (ele é curtinho mesmo! tem um tamanho bem pequeno, no formato “de bolso” e apenas 94 páginas), mas muito valioso, que é o Para Educar Crianças Feministas, da escritora nigeriana Chimamanda Adichie, minha sugestão de leitura no post de hoje. E que fique claro desde o início, como o título do post já expõe, esta é uma sugestão para mães de meninas e de meninos também!
Eu sei que talvez o título do livro não seja muito convidativo para algumas pessoas, ainda mais aquelas que ainda acham que feminismo é “bobagem” ou “coisa de gente de esquerda” (infelizmente, tem muita gente que ainda pensa assim). Mas, peço um pouco da paciência e atenção de vocês para ler o texto até o final e entender que, de radical, o livro não tem nada. Pelo contrário. Ele traz apenas lições básicas para a criação dos filhos (independente de serem meninas ou meninos) e, por isso, se torna tão importante.
Eu mesma não me considero uma feminista (apesar de ter muitos pensamentos alinhados com esse movimento), mas, como mãe de menino, eu sinto uma responsabilidade enorme em (tentar) criar um garoto que se torne um homem respeitoso com as mulheres.
E, por isso, achei que a leitura seria interessante para me ajudar numa reflexão mais aprofundada a respeito desse assunto (e, inclusive, o pequeno livrinho já começou a rodar entre as amigas depois da minha leitura e do meu incentivo, acabo de recebê-lo de volta de um empréstimo).
Antes de ler, eu até imaginava que encontraria um posicionamento um pouco mais radical, mas, para minha surpresa (positiva, diga-se de passagem), como eu disse anteriormente, na verdade, o livro nada mais é do que uma compilação de lições básicas de criação dos filhos, sempre levando em consideração o mesmo norte: o respeito às mulheres.
No livro, por exemplo, a autora sugere: “Diga ao seu filho que as mulheres, na verdade, não precisam ser defendidas e reverenciadas; só precisam ser tratadas como seres humanos iguais”.
Dividindo as tarefas
Além disso, a autora questiona a postura adotada por muitas mulheres quando se tornam mães, querendo abraçar tudo, sem deixar nada para os pais, como se a criação dos filhos fosse responsabilidade só delas. Para ela, é imprescindível que as mulheres continuem sendo elas mesmas, tendo suas próprias atividades além da maternidade porque isso – na opinião dela, este é o melhor exemplo que as mães podem dar para seus filhos. “Seja uma pessoa completa (…), não seja definida apenas pela maternidade”, diz ela, logo no começo do livrinho.
Desta forma, ela propõe uma educação baseada em um sistema mais equalitário entre homens e mulheres, o que eu também defendo muito – lá em casa, o Euclides tem tanta responsabilidade quanto eu na criação do NOSSO Davizinho. “Façam juntos. Às vezes. As mães, tão condicionadas a ser tudo e a fazer tudo, são cúmplices na redução do papel dos pais. Você pode achar que o pai não vai dar banho no seu bebê do jeito que você gostaria, mas e daí? Ele não vai morrer nas mãos do pai por causa disso. É bom ele ser cuidado pelo pai”, afirma. E ainda completa: “Abandone a linguagem da ajuda, quando há igualdade, não existe ressentimento”.
Como vocês podem perceber, as lições que a Chimamanda apresenta no livro não são radicais como imagina-se ao ver o título, são até básicas. Mas, ao meu ver, a importância da obra é justamente por fazer a gente se lembrar que o respeito às mulheres nasce nas ações mais simples, do dia a dia mesmo, ainda mais nos dias de hoje, quando a gente vê tanta atrocidade acontecendo por aí. E que a gente, como mãe, tem que fazer a nossa parte na criação dos filhos para eles tenham um papel mais ativo na mudança que ainda é necessária para termos uma sociedade mais equalitária e com uma melhor distribuição das reponsabilidades entre homens e mulheres, tirando um pouco do peso que sobrecarrega principalmente as mães.