Primeiro filho chegando. Levante a mão qual mãe (da atualidade) não correu para o Google, para os sites especializados e os livros para entender como funciona a maternidade. A gente tem medo de errar. Mas nesse desespero de querer fazer tudo certo, às vezes a gente exagera, e “estraga” a criança.
Minha Dani era um presente muito aguardado. Quando nasceu, eu exagerava em alguns cuidados. Não dei chupeta (e até hoje ela chupa os dedos!), então sempre que encostava as mãos em algo, corria para lavar as mãos dela e passar álcool. Eu aspirava e passava pano com desinfetante no chão quase todos os dias, com medo que ela pegasse alguma doença brincando no chão.
Sair de casa mal agasalhada? Nem pensar! Eu cobria a criança com muitas roupas, touca cobrindo bem as orelhas, mantas. Os utensílios de cozinha dela eram sempre muito bem lavados e fervidos a cada usada. Aí você deve pensar: tudo bem, isso é normal em bebês pequenos. Mas eu fazia isto até em dias mais quentes, com a criança já perto dos dois anos. Eu também não deixava tentar subir no escorregador ou algum outro brinquedo sozinha, por medo de quedas. Não deixava correr sem estar de mãos dadas comigo, com receio de que caísse e ralasse os joelhos. Eu confesso, eu era exagerada. Mas era o medo da criança adoecer, se machucar, de ficar mal por alguma negligência minha.
O segundo
Já no segundo filho, a gente relaxa. Já sabe o que pode prejudicar ou não. Sabe que um ralado no joelho ou roxo na canela fazem parte da infância. Deixa engatinhar à vontade no chão, mesmo que não esteja lá muito limpo; deixa pegar no barro, fazer arte. Deixa brincar com objetos que você não deixava o primeiro tocar. Deixa subir o escorregador sozinho. Se o chão não está frio demais, deixa arrancar a meia e andar descalço. Coloca agasalho (adequadamente) nos dias frios, mas sem aquela “paranoia” de deixar parecendo um “repolho”, de tão embrulhado. Não fica toda hora fervendo chupetas (sim, no segundo filho, eu cedi à chupeta), mamadeiras, talheres e pratos.
Comparando …
Eu percebo uma diferença de imunidade nos meus dois filhos. A mais velha, com 6 anos, é mais suscetível a resfriados e alergias, além de ser um pouco medrosa para algumas coisas. Já o pequeno, com dois anos, parece ter uma boa imunidade. Cura-se praticamente sozinho e rapidamente dos resfriados, quase não tem alergias. E como deixamos ele brincar à vontade (até o limite em que percebemos que não vá se machucar feio), com dois anos ele faz coisas que a minha mais velha não fazia sozinha aos quatro anos (como subir e descer no escorregador sozinha sem estar de mãos dadas, balançar-se sozinha no balanço, subir nos móveis e prateleiras da casa).
Em relação ao comportamento, meu marido e eu percebemos que pode ter sido um erro nosso, em dar mais liberdade a uma criança que à outra. Já em relação à imunidade, há um ponto polêmico. Alguns dizem que o pequeno tem melhor imunidade por deixarmos ele mais à vontade nas brincadeiras com “sujeira”, pés descalços, etc. Já outros dirão que é porque ele nasceu de parto normal (a mais velha veio de cesárea).
Segundo pesquisas científicas, no parto normal, ao passar pelo canal vaginal da mãe, o bebê fica coberto com bactérias (normais do corpo humano) existentes neste canal. Mas isto é uma coisa boa, pois elas contribuem para o desenvolvimento do microbioma do recém-nascido, ajudando a regular o peso, a formar o sistema imunológico, a desenvolver melhor os pulmões, entre outros benefícios. Isso evita que a criança desenvolva no futuro, por exemplo, alergias, asma, doenças autoimunes, entre outros problemas.
Eu não sei dizer exatamente o que colaborou para a melhor imunidade do meu pequeno, se foi a questão comportamental, ou se foi o parto normal. Mas segue meu conselho de mãe: relaxe! Deixe brincar, deixe pegar na sujeira. Deixe subir e descer (claro, sempre monitorando, negligenciar na segurança). Não entupa de roupas, deixe pisar descalço no chão e na grama. Para bebês um pouco maiores, não precisa ferver tudo, toda hora. E se o seu pequeno adoecer, primeiro de tudo, não se culpe! Brincar é preciso e a medicina está aí para nos socorrer.
E se você e seu bebê estão em boas condições de saúde, optar pelo parto normal também é uma boa dica.