A chupeta e a dentição

Foto: Arquivo pessoal

Mesmo sabendo de todos os argumentos contrários ao uso da chupeta e já imaginando as críticas que receberia por essa decisão, desde antes de o Davi nascer, eu já tinha decidido: eu iria fazer de tudo para que ele usasse chupeta! Além do benefício de acalmar o bebê e de outros que eu só descobriria mais tarde (estudos recentes mostram, por exemplo, que o uso da chupeta diminui o risco de morte súbita em bebês recém-nascidos), minha decisão foi baseada em uma única questão, um “trauma” de família, por assim dizer.

Explico: tenho um primo nove anos mais novo do que eu e esse “trauma” surgiu acompanhando a trajetória dele. Como ele nunca pegou chupeta, ele acabou chupando o dedão de uma das mãos. E isso se estendeu até ele ser bem grandinho (não lembro a idade ao certo, mas tenho a memória muito clara de que demorou muito para ele largar o dedo). E, assim, eu morria de medo de que o meu bebê repetisse esse hábito e pensava: “melhor a chupeta do que o dedo, porque a chupeta dá para tirar”. E, que me perdoem todos críticos da chupeta, mas não me arrependo dessa decisão.

É claro que as críticas continuam vindo, mas eu acredito que os efeitos negativos da chupeta podem ser minimizados e que o Davi não terá problemas graves por causa dela. Todo o desenvolvimento dele tem acontecido de maneira normal e já posso dizer que a chupeta não atrapalhou em nada a amamentação (Davi foi amamentado no peito até um ano e três meses, quando se desinteressou pelo mamá e meu leite secou porque a quantidade que ele mamava era muito pequena) e que acredito que ela também não deve interferir na fala (com um ano e quatro meses, ele está arriscando as primeiras palavrinhas).

E a dentição, como fica?

Acho que os dois argumentos contrários à chupeta apresentados acima rendem outros posts só sobre eles, com informações de especialistas (porque, por enquanto, só tenho as minhas percepções mesmo), mas hoje eu gostaria de falar sobre um terceiro argumento contrário à chupeta, para o qual acho que o Davi também tem solução! Em discussões sobre a chupeta, muita gente alega que é contra o acessório porque ele entorta os dentes. Mas será que isso é verdade? Para saber um pouco mais sobre essa questão, fui novamente consultar a dentista do Davi, a Caroline Bertoncelli.

E o que ela disse sobre o assunto? Bom, de acordo com ela, a chupeta pode, sim, causar um entortamento nos dentes, mas essa não é uma regra, pois depende muito do tempo e da frequência de uso, além do posicionamento da chupeta na boca da criança. Mas, nem sempre os dentes tortos têm relação com a chupeta. “Tem pacientes que nunca usaram chupeta e têm dente torto. Às vezes, a pessoa tem um apinhamento, por exemplo, por falta de espaço mesmo”, diz ela. E, para falar bem a verdade, em relação a questões odontológicas, o principal prejuízo da chupeta nem é esse, é o que os dentistas costumam chamar de “mordida aberta”.

Davi e sua inseparável "pepe". Foto: Arquivo pessoal
Davi e sua inseparável “pepe”. Foto: Arquivo pessoal

O que é a “mordida aberta”?

Para entender o que é a “mordida aberta”, a Carol explica o seguinte: “Os dentes da frente têm que ter um contato para ajudar na mastigação. A oclusão é o equilíbrio da mordida, dos dentes. Se você não tem isso, acaba tendo uma alteração na formação do osso, o que pode acarretar vários prejuízos na região maxilar”. E a chupeta, a mamadeira e o hábito de chupar dedo são os principais vilões para causar a “mordida aberta”. “Por mais que se use a chupeta ortodôntica, ela pode, sim, comprometer a oclusão, mas também não é uma regra, pois tem muitos pacientes que usam chupeta e não tem esse problema”.

Segundo ela, uma forma de evitar que a criança tenha “mordida aberta” é retirar a chupeta no tempo certo. “Uma idade boa para tirar a chupeta é entre dois anos e dois anos e meio, porque, nessa fase, com o desenvolvimento, essa mordida acaba fechando, diminuindo”. E a Carol concorda comigo naquele meu pensamento citado lá no comecinho do texto: “A minha opinião é de que é muito melhor usar a chupeta porque é mais fácil a remoção do que o hábito de chupar dedo. E outra coisa: a criança tem que passar por uma fase oral. E tem alguns estudos que mostram que, a chupeta, pelo fato de a criança fazer a sucção, ajuda muito no desenvolvimento da articulação, no desenvolvimento do rosto. Então, ela tem um lado bom também, não é só o lado ruim que a gente tem que ver. Só tem que pensar que tudo em excesso traz consequências”.

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