Casa preparada, família reunida, parteira a postos.

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Estava tudo certo para que o parto acontecesse no aconchego do lar.

A gestação de 39 semanas transcorrera muito bem, obrigado. Já havia dilatação, contrações e até uma banheira com água quentinha.
Tudo estava tão certo que acabou tudo dando errado.

À medida que o trabalho de parto avançava, com os cabelinhos do bebê já aparecendo, algo inesperado aconteceu.

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Um dos ombros da criança ficou preso lá dentro, bloqueando a progressão do parto. Depois de meia hora de tentativas, alguém teve a brilhante ideia de correr para o hospital.

Aquela mãe chegou carregada, com seu bebê preso entre as pernas, em franco sofrimento fetal. Diversas manobras de extração foram empregadas, mas já era tarde. O pequenino não chegou nem perto da luz.

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A chamada distócia de ombro é uma emergência obstétrica, que pode ocorrer até nas gestações de baixo risco. Sem técnica ou equipamento adequado, é uma intercorrência que costuma acabar muito mal.

Nossa obstetrícia vive uma época turbulenta. Nunca se questionou tanto a credibilidade dos médicos e a falta de humanização nas maternidades. Nunca tantas mães brigaram por respeito e pelo direito de decisão sobre sua gestação e parto.

A queixa tem fundamento. Somos campeões mundiais de cesarianas desnecessárias. Isso preocupa e tem levado muitas mães a buscar, bem longe dos hospitais, uma antiga solução: a das parteiras.

É um retrocesso curioso e, de certo modo, justificável em países curiosos e retrógrados como o nosso.