Existem muitas e diversas vantagens de ser atendido pelo SUS.
Instalações luxuosas, medicamentos com eficiência para lá de comprovada e atendimento humanizado (claro, você é atendido por humanos, alô?).
Contudo, para quem tem o privilégio de usar nossos hospitais públicos, talvez não exista satisfação maior do que ter de compartilhar a mesma enfermaria com criminosos.
Ladrões, homicidas, traficantes, estupradores… pessoas “bem legais” que ficam separados de você apenas por um par de algemas. São caras estranhos, eternos “injustiçados” pela justiça com mania total de perseguição.
Certa feita, um condenado por sequestro passou a visitar o pronto-socorro com frequência. Ele sempre aparecia escoltado por dois policiais e tinha, invariavelmente, alguma queixa inespecífica.
Uma vez veio por conta de um episódio de convulsão, outra vez por um suposto ataque cardíaco, noutra veio com uma crise asmática bem suspeita. Até eu que não sou da polícia logo percebi que o cara estava muito mais para 171 (estelionatário) do que para sequestrador.
Um dia todos deram bobeira, claro. Quando os policiais se tocaram, só sobraram as algemas vazias penduradas no gradil da maca. Após umas duas horas de buscas, acharam o sujeito mocado no forro de um dos vestiários.
Amigo leitor, aquele cara apanhou tanto dos policiais que nunca mais inventou moda. Alguém diria que, depois da surra, ele ficou tão “saudável” que nunca mais precisou do nosso hospital.
Será que é isso que chamam de “cura” por imposição das mãos?