O helicóptero do resgate acerta pesado o trem de pouso no heliponto do hospital. O barulho das pás dos rotores anuncia a chegada de mais uma vítima do trânsito: jovem senhora atropelada com múltiplas fraturas, afundamento de crânio e intenso sangramento intra-abdominal.
Se você esteve fora deste planeta nos últimos tempos, preciso lhe informar que vivemos uma guerra civil na qual o campo de batalha está nas ruas e estradas. E sabe o que acidentes como atropelamentos, capotamentos e colisões diversas têm em comum?
A resposta é simples. A grande maioria foi provocada por condutores do sexo masculino.
Então esqueça por um momento esse papo chato de que mulher não sabe dirigir. Os feridos mais graves que chegam aqui no hospital foram, em sua vasta maioria, vítimas da imprudência exagerada de homens.
Aproveite e coloque de lado um pouco do orgulho.
Independente de tanto se falar que o sexo feminino ainda é minoria no trânsito – o que já não é mais tão verdade – o que chama a atenção é que os homens são responsáveis por quase 80% das multas de trânsito. Mais que isso, eles respondem pelas infrações mais graves.
Então veja e reveja seus preconceitos.
Dentro de um universo de competição quase infantil, muitos homens têm dificuldade em entender os limites de velocidade, transformando as ruas em verdadeiros autódromos. As mulheres, pelo contrário, parecem preferir uma velocidade que promove um efeito protetor sobre o trânsito.
Dê o braço a torcer, pelo menos uma vez.
Homens fazem mais uso de substâncias perigosas como álcool e drogas, e isso costuma ser uma combinação estupidamente explosiva no trânsito.
Por fim, um dos maiores enganos que podemos cometer é julgar os outros sem reconhecer nossas próprias falhas. No trânsito deveríamos ser iguais, sem alimentar preconceitos. Quando um homem causa um grave acidente, mulheres não costumam se gabar, dizendo que “tinha que ser homem”.
Elas simplesmente não precisam disso.
Contudo, todos nós sabemos que o perigo é constante, quando alguns homens estão no volante.