Véspera de Natal na Curitiba de 1981.

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A história é antiga, mas nos remete a um problema que perdura até hoje.

Estou falando da falta de doadores de sangue.

Já era tarde quando o bom velhinho saiu do trabalho. Naquela época, o natal da cidade era quase indissociável da imagem das Lojas Hermes Macedo.

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Alguém aí se lembra?

A majestosa decoração, as luzes, as músicas e os brinquedos mais incríveis estavam por lá. Não havia criança em sã consciência que não quisesse visitar o presépio da loja e – claro – dar uma boa puxada na barba do famoso Papai Noel.

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Sem dúvida, o personagem era um sucesso para todos.

Exceto para ele mesmo.

A rotina cansativa e as escalas dos últimos dias haviam afetado o seu humor e saúde. Uma dor chata martelava sua cabeça, lembrando que a sua pressão arterial estava lá nas alturas. Impaciente, soltou um grunhido enquanto batia a partida de sua Vespa. Coberta pelo sereno, a velha motoneta logo ganhou vida e movimento, iluminando o longo caminho de volta para casa.

Contudo, num solavanco, ele perdeu o controle da Vespa, colidindo com violência em um semáforo da Praça Osório. Por sorte, uma radiopatrulha passava pela região e viu a cena, socorrendo e levando nosso Papai Noel às pressas para a Santa Casa.

Com sinais de choque, os médicos realizaram uma cirurgia de emergência para conter uma grave hemorragia causada pelo rompimento do baço. Mas, sem uma transfusão imediata de sangue, o paciente morreria em poucas horas.

Como existem épocas do ano em que os doadores de sangue simplesmente se evaporam, um verdadeiro milagre de natal seria necessário.

E ele aconteceria pela doação de sangue improvisada das enfermeiras do plantão da noite. Sem dúvida alguma, a boa ação delas significou muito mais do que um presente para o velho Noel.
Significou a sua vida.

Olha só:

Neste final de ano, doe sangue. Basta ter boa saúde, pesar mais que 50 kg e ter entre 18 e 67 anos.