Patrulha 6

Acidente grave na estrada com múltiplas vítimas. Afivela o cinto aí que o helicóptero foi acionado para resgate. Rapidamente, o Patrulha 6 da Polícia Rodoviária Federal ganha vida em seus relógios, manômetros, indicadores e turbina. Altímetro ajustado, fonia liberada e decolagem autorizada com prioridade.

É quando o Bell 407 se desloca pesado do chão, ganhando o céu com seus rotores girando a plena força. Suas luzes de navegação pipocam e iluminam o final de uma tarde triste e nublada. Enquanto a torre coordena o tráfego aéreo, o piloto se ocupa em aproar o local do sinistro. O atendimento exige pressa não somente pelas vítimas, mas porque logo vai escurecer e em voo noturno é tudo mais complicado.

No sobrevoo do acidente, um cheiro de morte paira pelo ar, com carros em chamas e corpos pelo chão. Ao que parece, o motorista de uma carreta com 30 mil quilos de ferro resolveu descer o trecho mais perigoso da serra, sem usar o freio motor.

O resultado? Um verdadeiro boliche envolvendo oito veículos, o que provocou um número trágico de feridos e mortos.

A equipe aeromédica do Samu desembarca apressada para a remoção das vítimas mais graves, num trabalho exaustivo que duraria até tarde da noite e que comprovaria, mais uma vez, o quanto somos estúpidos e violentos no trânsito.

Impossível trabalhar na emergência sem notar o valor desse povo que chega pelo céu. Quando você está longe de tudo, no meio do nada e tem nas mãos pacientes em estado crítico, não há nada mais reconfortante do que ouvir a batida abafada dos rotores do helicóptero, em aproximação para apoio.

Escrevo este texto após o P6 trazer uma dessas vítimas aqui para o hospital. Queria muito dizer que o paciente sobreviveu, mas a história nem sempre tem um final feliz.

Contudo, nenhum esforço é em vão quando se trata do amor ao próximo.

E é com esse sentimento que o Patrulha 6 é abastecido.

Todos os dias.