“Havia algo de terrível naquele atropelamento. Mais que isso, havia um segredo.”

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O homenzinho verde do farol brilhava teimoso quando elas foram brutalmente atropeladas.

Com sua sobrinha no colo, Jussara atravessava a rua quando, num forte baque, tudo ficou escuro. Ela só foi descobrir o que havia acontecido quando acordou toda quebrada no pronto-socorro.

Em poucas palavras, uma moto ignorou o farol vermelho, atingindo Jussara e a pequena Bianca em plena faixa de pedestres. Hoje, mais de 100 veículos serão flagrados pelos pardais da cidade, furando descaradamente o sinal vermelho. Curiosamente, poucas serão as motos fotografadas.

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Não espalha, mas preciso lhe contar um segredo.

Um pardal tem duas ou três câmeras, cada qual apontada para uma pista da rua. Cada câmera é acionada por um sensor magnético instalado sob o asfalto, chamado de laço. Como cada laço se limita a uma pista, existe um espaço entre as pistas em que não há registro de movimento. Então, muitos motoqueiros se valem desse “corredor imaginário” para voar ou então fingir que não existe sinaleiro.

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Todas as vezes que escrevo sobre acidentes com motos, costumo receber e-mails inflamados. Enquanto alguns alegam que o motoqueiro é vítima, outros o classificam como vilão. Prefiro acreditar que no trânsito somos tanto inocentes quanto culpados, e que todos os dias é possível melhorar.

Jussara e Bianca receberam alta em poucos dias. O motociclista, igualmente ferido, foi levado para outro hospital e eu não soube mais nada a seu respeito.

Não espero que ele tenha aprendido a lição.

Mas espero que ele esteja bem.