Ele abriu os olhos num arregalo só, jogando para longe os cobertores.
Era madrugada e havia algo de muito estranho em suas partes baixas.
A casinha logo ganhou vida em suas luzes. Agora no banheiro, seu Francisco chegava à dolorosa conclusão que, embora sua bexiga estivesse explodindo, sua urina simplesmente não saía.
Trazido às pressas ao pronto-socorro, num desespero que eu só desejo ao meu pior inimigo, ele foi diagnosticado com uma retenção urinária brutal, causada por um tumor de próstata do tamanho de uma laranja baiana.
Começava ali o início do seu fim.
Sim, bem aventurados os homens que não têm medo do médico.
Verdadeiro campo minado para muitos, um consultório parece ser lembrado apenas quando a coisa está realmente feia. Ou claro, quando somos arrastados pela mãe, esposa ou filha.
Hoje preciso falar – para os marrentos de plantão – o quanto essa distância do médico pode custar caro. Não só por prejuízos graves à saúde, mas em termos financeiros, que talvez seja o que mais atormente nossos meninos crescidos.
A falta de prevenção e de acompanhamento médico pode levar doenças simples a complicações estrambólicas, que exigem internações longas e tratamentos caros, que farão parte da vida do paciente para sempre.
Outra coisa que não faz sentido é essa mania de tantos homens de se exporem a riscos e vícios. De longe, o sexo masculino é campeão em acidentes e doenças crônicas provocadas por hábitos nocivos como o uso de tabaco, álcool e outras drogas.
Alguém poderia me dizer por que precisa ser assim?
Como diriam os sábios, a falta de amor próprio costuma ser o caminho mais desastroso e curto para a sabotagem da própria vida.
Então, se você se identificou de alguma forma com seu Francisco, talvez seja a hora de deixar o orgulho de lado e dar a devida importância à pessoa mais importante de sua história.
Você mesmo, poxa.
Olha só:
Todos os dias, 35 brasileiros morrem em decorrência do câncer de próstata. (INCA, 2013).