O choque

Atropelamentos de crianças acontecem com uma surpreendente frequência.

Somente em 2014, nossos bombeiros atenderam a cerca de 1.100 crianças, atropeladas pela violência das ruas e estradas paranaenses.
Não raro, a ambulância chega ao local e não consegue encontrar os responsáveis pela criança acidentada.

A isso, se dá o nome de abacaxi.

Como geralmente há pressa no resgate, o paciente é encaminhado de qualquer modo ao hospital, sem nenhuma identificação ou histórico de sua saúde.

Foi o que aconteceu com o pequeno Alexandre, de apenas nove anos. Ao ser atingido em sua bicicleta por um motorista bêbado, ele chegou ao pronto-socorro bastante ferido e apresentando uma confusão mental digna de traumatismo craniano.

Durante o atendimento, na aplicação de determinado anestésico por via endovenosa, uma infeliz surpresa: o menino era alérgico ao medicamento.

A isso, se dá o nome de pepino.

O que já era um atendimento complicado, em poucos minutos se transformou numa hecatombe fisiológica, com a necessidade de intubação e encaminhamento imediato para a unidade de terapia intensiva.

Felizmente, as crianças têm anjos da guarda sempre atentos e Alexandre sobreviveu tanto ao choque com o veículo quanto ao choque anafilático.

Dias depois, claro, seus pais entraram com um processo contra o hospital.

Qual a moral da história? Nenhuma.

Na verdade, o texto de hoje traz um problema recorrente nas salas de emergência. Impressiona a quantidade de pessoas sabidamente alérgicas, circulando sem qualquer orientação sobre a manutenção de sua própria saúde.

Se você é alérgico ou tem filhos alérgicos, converse com seu médico sobre medidas de prevenção e medicamentos que devem ser usados nas crises.

Mais que isso, estimule sua família a sempre sair de casa com documentos de identidade e com informações básicas como endereço, telefone, tipo sanguíneo e condição alérgica. A isso, se dá o nome de inteligência.