Todos diriam que o cara estava bêbado.

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Num zigue-zague pra lá de suspeito, sua moto havia perdido a direção e atingindo alguns táxis estacionados no centro. Após a colisão, ele até tentou ficar em pé, falando coisas sem sentido por debaixo do capacete.

Sem perder tempo, um grupo furioso de motoristas passou a hostilizá-lo com chutes e palavrões. Julgado, condenado e quase linchado, aquele motoboy seria salvo pela boa vontade de um agente de trânsito.

Dentro da ambulância do resgate, um exame de glicemia revelaria que o rapaz não estava maluco, bêbado ou drogado.

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Ele estava hipoglicêmico.

Sim. O sujeito quase morto pelos taxistas estava era morto de fome.

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Muitos são os que vêm parar no pronto-socorro por não se alimentar direito. Desmaios no ônibus, piripaques na escola, chiliques ao volante… os sinais da falta de açúcar podem ser iguais ao de um pileque: tontura, confusão mental, prejuízo da consciência, alteração de comportamento…

No caso dos motoboys, o perigo é elevado ao cubo. No estresse diário das ruas, eles costumam se alimentar mal ou então nem se alimentar. Pior que isso, muitos têm a saúde levada a breca.

Tempos atrás, um deles sofreu uma grave queda na rodovia do Xisto. Tudo por conta da dor causada por uma úlcera perfurada. Já no hospital, ele ainda se surpreenderia ao descobrir que também era diabético e hipertenso.

Esse papo é um porre, eu sei. Mas se você trabalha sobre duas rodas, não esqueça que a manutenção do seu corpo é tão vital quanto a revisão de sua moto.