Aos poucos, seu tom de voz foi ficando mais alto e agressivo. De repente, saiu pelos corredores da panificadora, agredindo quem estivesse pelo caminho. Como arma, usou uma sombrinha. Ao proteger os clientes do ataque, até o dono da padaria foi golpeado pela maluca.

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Entre feridos e feridos, quem foi mesmo para o hospital foi a agressora, esquizofrênica de longa data que acabara de ter mais um surto psicótico.

Pois é, vivemos os reflexos da chamada Reforma Psiquiátrica.

Durante décadas, os doentes mentais eram largados em hospícios, que funcionavam como presídios para os que haviam cometido apenas o crime de nascer com algum transtorno psiquiátrico.

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O tempo passou e os hospitais psiquiátricos foram fechados em sua grande maioria. Em tese, os doentes deveriam ser acomodados em clínicas especializadas em saúde mental. Mas, como nada neste país funciona, a verdade é que não há vaga para todos. Por isso, muitos pacientes estão por aí, oferecendo riscos a si e aos outros.

São doentes graves, cuja família não tem estrutura – ou interesse – para mantê-los em casa. Muitos não têm acompanhamento médico, enquanto outros associam medicamentos controlados com álcool e drogas. O resultado costuma ser bem parecido com o da bomba de Hiroshima. E o pior, quando a explosão acontece, ninguém sabe o que fazer. As delegacias não costumam aceitá-los e muitos hospitais fazem algum sedativo para em seguida mandá-los de novo para as ruas. É coisa de louco ou não?

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