Semana passada, os bombeiros de Curitiba atenderam ao milésimo atropelamento do ano. Poucos se importam com isso, mas a verdade é que daria para encher uns dez ônibus com tanta gente ferida.

continua após a publicidade

Pelo visto, a convivência entre condutores e pedestres continua uma baixaria só. Para piorar, um estudo revela que mais de 70% dos motoristas acelera – isso mesmo, acelera – quando avista qualquer pedestre na ponta da calçada, querendo atravessar.

Ao invés de facilitar a travessia, enfiamos o pé na jaca, como autênticos proprietários de toda a via pública.
Muitas vítimas deste comportamento bizarro são idosos, como a senhora que levou a medalha de 1000º atropelado de 2015, após ser atingida por um ligeirinho “dono” da Rua João Negrão.

Para os condutores que ainda não sabem, os velhinhos naturalmente apresentam uma lentificação de reflexos e de mobilidade. Em poucas palavras, são um alvo bem fácil. Por isso mesmo, quando chegam ao pronto-socorro dá até um desânimo. Além da debilidade óssea e muscular, são pessoas que costumam já ter diversas doenças associadas, como diabetes e hipertensão arterial. Isso pode complicar a vida do anestesista, do cirurgião, do ortopedista e, claro, pode condenar a vida da própria vítima.

continua após a publicidade

O trânsito era para ser um ambiente democrático, no qual os personagens mais fortes se esforçam para proteger os mais frágeis. Na prática, parece ser cada um por si e todos contra o pedestre.

Mas em algum momento todos ficam a pé.

continua após a publicidade

E numa distração, o caçador pode se tornar a caça.