Existe um inimigo entre nós.
Falo de um discreto personagem do trânsito, responsável por acidentes graves. Falo dos que se consideram exímios condutores e que, por isso mesmo, são incapazes de refletir sobre seus próprios exageros.
Muitos acreditam que ‘provocadores’ de acidentes têm uma extensa lista de infrações. Que eles já se envolveram em vários acidentes, que dirigem sempre bêbados ou sem carteira de habilitação.
Ledo e crasso engano.
Todos os dias, as ambulâncias dos bombeiros se acotovelam na entrada do hospital, trazendo vítimas de motoristas com ficha limpa, acima de qualquer suspeita.
Quer o melhor exemplo?
Condutores com aquela pressa danada, dirigindo ‘discretamente’ acima da velocidade permitida. Para eles, todos os demais condutores são tartarugas que atravancam o trânsito e que merecem, sem qualquer dúvida, ser costurados por alguém mais ‘experiente’.
Certa vez, uma pesquisa foi realizada no trânsito urbano do Canadá, mensurando o tempo de dois motoristas num mesmo percurso. Um deles num zigue-zague abusado e outro completamente civilizado. Ao final da experiência, a surpresa. A lebre foi apenas 5% mais rápida que a tartaruga. Isso significa que, num trajeto de uma hora, a tal da lebre chegará antes uns míseros três minutos.
Então, lá vai a moral da história. Pouco importa o quão esperta seja a lebre. Não faz sentido algum colocar em risco a vida por uma vantagem tão infantil.
Aliás, o que será que ela fará com os três minutos?
Um macarrão instantâneo para a tartaruga?