Eu sou gay!

Não houve tempo de escapar.

Quando Tigrão se deu conta, o marido dela já havia entrado de supetão na casa, surpreendendo os dois. Por sorte, eles ainda estavam vestidos.

Mesmo assim a pancadaria comeu solta. Apavorada, a esposa do sujeito conseguiu se trancafiar no quarto. Em meio a socos, Tigrão se assustou ao descobrir que o cara era do tamanho de um guarda-roupa. Em meio a pontapés, entrou em absoluto desespero ao perceber que o marido estava armado.

Logo concluiu que era chegada a hora de seu encontro com o Criador. Por isso, num último gesto resolveu apelar:

– Eu sou gay! Sou veado! – gritou Tigrão, rezando para que o marido se sensibilizasse que ele e sua esposa eram tão somente “bons” amigos.

A estratégia parece não ter colado, pois a fúria do marido traído fez com que disparasse com vontade entre as pernas de Tigrão.

Agora ele estava conosco, todo estrebuchado na sala de emergência.

Sem perda de tempo, foi encaminhado para a tomografia pré-cirúrgica, que revelou três coisas. A primeira: o projétil entrou pelo baixo ventre, atravessou a bexiga, intestino grosso e se alojou lá atrás, no glúteo direito. A segunda: o atirador era de araque, pois não chegou nem perto do “playground” do paciente.

Por fim, a terceira coisa: montanhas de dinheiro público são gastos todos os dias no tratamento desse tipo de gente, que se envolve em baixarias sem qualquer sentido.

Então, pouco importa a real orientação sexual de Tigrão. O que interessa é saber se é justo você pagar por suas lambanças.