Entrando pelo tubo

Essa aconteceu no dia em que a cidade soprava suas velinhas.

Senhoras e senhores, aqui vai mais uma história sobre a nossa Curitiba, repleta em suas ironias e tragédias sociais.

Era tarde de um domingo sem graça. Naquela estação-tubo havia alguns passageiros, mas isso não evitou que o cobrador fosse surpreendido pela truculência de dois estranhos, que sempre visitavam o lugar para raspar até as moedas.

Geralmente acompanhados de ameaças, facas e canivetes, daquela vez os caras levaram consigo um tijolo de seis furos.

Hein? Como é que é?

Pois é… antes mesmo de o cobrador esboçar algum tipo de susto, já foi levando uma tijolada que o arremessou ao chão.

E agora, na sala de emergência, observamos assustados ao resultado de tanto ódio, estampado numa radiografia de face.

Jesus, Maria, José.

Além da fratura bilateral de osso nasal, havia outra – quase exposta – de arco zigomático, localizado na região da maçã do rosto. Somado a tudo isso, uma extensa laceração de pele com direito a mais de 20 pontos de sutura.

Como é possível uma cidade, que se gaba do melhor transporte público do universo, aceitar a existência de equipamentos urbanos como as estações-tubo?

Para mim, elas não passam de mais uma piada de mau gosto.

Nelas, os cobradores são expostos à ação do frio, do calor, da chuva e do vento. Todos potencializados por uma estrutura tubular de vidro que pode, no mesmo dia, passar da função de freezer a micro ondas.

Também é digna de nota a falta de conforto e manutenção. Não raro, a geringonça degringola e são os cobradores que precisam abrir as portas no muque, ou então auxiliar os cadeirantes quando se quebram as rampas de acesso.

Contudo, a maior falha talvez esteja na ausência de sanitários. Fisiologicamente, como alguém pode ser condenado a trabalhar por seis horas sem ter acesso a um banheiro?

Parece brincadeira, mas não é.

Trata-se da aniversariante do dia.

Parabéns, Curitiba!