Madrugada abafada na estrada para Santa Catarina.

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De repente, um estrondo interrompe o silêncio e um Golf atravessa com força o gradil de uma das pontes da represa do Vossoroca. Seus faróis apontam perdidos para o vazio da escuridão, em uma queda de quase dez metros.

Em outra época do ano, os quatro ocupantes do carro teriam caído em águas profundas, mas a estiagem de agora fez com que a pancada fosse de ponta, no leito seco.

A polícia rodoviária aciona para apoio com brevidade para feridos no local.

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Rodovia BR-376, altura do Vossoroca: lugar já manjado para as equipes de resgate e marcado historicamente por inúmeras desgraças. Trata-se do quilômetro 653, mas há quem diga que o trecho devesse ser remarcado para quilômetro 666, tamanha a uruca da região.

Pois é, mais um carnaval começando com o pé esquerdo.

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Dias antes, um colega da emergência palpitou que, até a quarta-feira de cinzas, nossas estradas registrariam determinado número de acidentes de trânsito.

Pelo visto, ele chegará bem perto de sua previsão.

A bem da verdade, não é necessário ser profeta ou clarividente para adivinhar os números trágicos de nossas estradas. A bola de cristal da vez se chama computador e as estatísticas nos revelam que, em época de confete e serpentina, algumas pessoas naturalmente ficam mais burras.

Nesse acidente, o coquetel de velocidade com cerveja e vodca resultou em um óbito, dois feridos graves e um politraumatizado que será cliente de uma UTI por longos e dolorosos meses.

Por fim, há de se perguntar por que não somos capazes de aprender com o erro dos outros. Embora a imprensa noticie diariamente histórias de comportamentos de risco que acabam mal, muitos condutores – principalmente homens com o nível intelectual de um amendoim – insistem na estúpida cultura de que é preciso provar sua maturidade com uma lata de cerveja na mão. Mais que isso, acreditam que viajar acima do limite de velocidade é coisa apenas para machos de verdade.

Mas quer saber? Vocês são patéticos e prever seu futuro é tarefa fácil.