Bandeira branca

Hoje uns cinco taxistas serão assaltados na Grande Curitiba.

O que você tem feito para voltar a salvo para casa?

Falo com você, que agora está lendo, e que trabalha quase sempre com o medo embarcado em seu táxi.

Era três da matina de um dia qualquer da semana.

Você sabe o quanto está cansado quando, a cada piscada de olhos, começa a pescar em sonhos relâmpagos. Literalmente, eu estava só de corpo presente naquele plantão.

Na maca, um taxista sangrava com a sua cabeça aberta, após ter sido espancado por assaltantes. Mesmo após o banho dado pela enfermagem, seu corpo ainda exalava um forte cheiro de gasolina.

Tanto se fala de terrorismo, de Estado Islâmico e do modo como somos “pacíficos” no Brasil. Ora, sejamos sinceros. O que dizer de uma pessoa que joga gasolina em outra, riscando fósforos pelo prazer em assistir o desespero de sua vítima?

Estamos cada vez piores.

Seu Sérgio dormia agora sob o efeito de um sedativo forte. E agora eu precisava dar um jeito em sua cabeça aberta.

Suturar couro cabeludo pode assustar aos desavisados, pois costuma sangrar demais.

Primeiro se faz a tricotomia, que nada mais é do que raspar o cabelo em torno do ferimento, usando um barbeador. Depois vem a anestesia, seguida de uma lavagem caprichada com soro fisiológico e antisséptico. Por fim, vêm os pontos com mononylon – seu Sérgio recebera uns 20 deles – e um curativo oclusivo para fechar.

Quando sua família veio buscá-lo, o pobre coitado desabou num choro sentido, de quem percebera que aquela noite poderia ter sido ainda pior.

A violência contra taxistas é um termômetro do quanto uma sociedade está abandonada, ao Deus dará. Há tempos eles se sentem ignorados pelos serviços de segurança pública. Prova disso é a maneira como os taxistas comunicam esses ataques à polícia.

Eles simplesmente não comunicam. É perda de tempo.

Bandeira um. Bandeira dois.

Qual o seu destino?