Foi no final da tarde que a frequência da emergência pipocou.

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Pelo rádio chega a informação de uma grave colisão na estrada para Mandirituba. Polícia rodoviária, ambulância com médico, caminhão autobomba de resgate, viaturas de apoio… mais um motorista apressado que, numa tentativa desastrosa de ultrapassagem, deu de frente com um ônibus de linha. Além da esposa, estavam a bordo do carro seus dois filhos, um de três e o outro de nove anos.

Só se salvaram os que estavam com cinto de segurança.

E isso não incluía as crianças.

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É uma verdadeira lástima que tantas pessoas ainda acreditem que crianças no banco de trás não precisam estar afiveladas à cadeirinha e ao cinto.

O casal veio parar aqui no PS com fraturas múltiplas, mas sem risco de morte. Sem dúvida, o ferimento mais grave ficou para a consciência. Nos olhos assustados dos pais, uma condenação perpétua de sofrimento e de culpa pela perda dos filhos.

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Infração, imprudência, desrespeito pela vida, burrice … chame do que quiser, só por favor não chame de acidente.

Acidente é algo que ocorre ao dissabor do acaso, como “obra do destino” ou produto de algum imprevisto.

Colisões, atropelamentos, choques e capotamentos estão muito mais para excessos e crimes de trânsito do que para eventos acidentais.

Precisamos parar com essa cultura de achar que as tragédias do trânsito são apenas “fatalidades” da vida moderna. Precisamos entender que todo comportamento de risco tem um preço e que o “sem querer” não significa a isenção de culpa por prejuízos causados à vida.

Mais que isso, precisamos parar com a banalidade de achar normal o atropelamento de um idoso, a paraplegia de um motociclista ou a morte de uma criança pela falta de um simples cinto de segurança.

Nas ruas e estradas, quase tudo de mal pode ser evitado com bom senso, prudência e respeito. E essas são as coisas que mais nos faltam.

Acidente? Acidente, uma vírgula!

Já deu. Já foi. Já basta.

Olha só:

Em 2012, 150 mil paranaenses foram autuados por não fazer uso do cinto de segurança. Uma média de 17 multas por hora! (Fonte: Detran-PR).