Ela chegou com seus faróis cansados.

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A bordo, mais uma vítima do trânsito etílico de Curitiba.

Enquanto os bombeiros a manobram na entrada do pronto-socorro, observo seu jeito teimoso de quem está sempre alerta. Sonolento pelo frio da madrugada, discretamente me aproximo e coloco as mãos sobre seu capô aquecido.

– Bem-vinda AA-9862.

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Essa ambulância invocada simplesmente não para. Basta tocar a campainha da sala de emergência e é quase certo que se trata da 9862, chegando toda ansiosa com mais um ferido.

Dia desses, consultando os registros do SIATE, tive uma surpresa. Disparado, a 9862 é a ambulância dos bombeiros com mais atendimentos em todo o Paraná. Em 2014, ela saiu de sua base mais de 1.300 vezes. Para se ter uma ideia, a viatura que ocupa o segundo lugar, no mesmo ano, atendeu a cerca de 900 chamados.

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O exagero dos números se deve – talvez – pela região que a 9862 atua, repleta de gente querendo se matar no trânsito.

Será que essas pessoas imaginam a dificuldade e os custos que os bombeiros têm para manter suas viaturas rodando?

Como a maioria desses acidentes são provocados pelo excesso infantil de velocidade ou de álcool, é uma lástima que essas ambulâncias ainda sejam sobrecarregadas pelas traquinagens desses condutores sem noção.

Por fim, mais um Maio Amarelo se encerra e os números do trânsito na grande Curitiba continuam perturbadores.

Mas, afinal, alguém se importa com isso? É claro, a 9862!

E esse texto é dedicado aos caras que todos os dias a fazem pulsar nervosa.