Acredito que quase todo mundo já escutou a informação de que o “Brasil é o celeiro do mundo”. Agora então, em período de campanha eleitoral, essa fala tem se tornado corriqueira, principalmente por parte de candidatos de olho nos votos do meio rural. Essa afirmação tem como referência o fato de o país ser o maior produtor de grãos e exportador de carnes bovina, suína e frango do planeta.
Paralelo a isso, do jeito que a piscicultura brasileira está se desenvolvendo e crescendo, logo o Brasil também será o “novo aquário do mundo”. O país já é uma referência na produção de peixes, moluscos e crustáceos. De acordo com a publicação “The State of World Fisheries and Aquaculture”, da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), o Brasil ocupa a 13ª posição no ranking mundial da produção de peixes em cativeiro e é o 8º lugar na produção de peixes de água doce. A China lidera com 35% da produção total, seguida da Indonésia (7%), Peru (7%), Índia (6%), Rússia (5%), Estados Unidos (5%) e Vietnã (3%).
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Em 2021, a produção brasileira atingiu 1,7 milhão de toneladas, sendo 841 mil toneladas de peixes de cultivo, como a tilápia, peixes nativos e outras espécies, conforme dados da Associação Brasileira da Piscicultura (Peixe BR). O meio urbano está acostumado a consumir a tilápia, que representa mais da metade da produção nacional (o Brasil é o quarto maior produtor mundial da espécie). Mas, a produção brasileira vai além, incluindo peixes nativos, como o tambaqui, moluscos e crustáceos. Segundo a Associação Brasileira de Criadores de Camarão (ABCC), o Brasil produziu 150 mil toneladas de camarão no ano passado.
A expectativa de que o Brasil se torne o “novo aquário do mundo” tem fundamento no fato de que a produção que vem das águas é a que mais cresce entre as proteínas animais. Os indicadores apontam para o potencial do desenvolvimento da pesca e aquicultura. Por aqui, o crescimento da piscicultura e aquicultura é de 10% ao ano, envolvendo mais de 1,3 milhão de produtores, US$ 400 milhões em receitas com exportações e R$ 28 bilhões de Produto Interno Bruto (PIB) gerado pela aquicultura e pesca.
Neste contexto nacional, o Paraná tem papel de destaque. Afinal, hoje, o estado produz mais de um terço dos peixes de cultivo criados no país. E as expectativas futuras são ainda mais promissoras. Segundo o Departamento de Economia Rural (Deral) da Secretaria de Estado da Agricultura e Abastecimento (Seab), a piscicultura paranaense pode dobrar a produção em cinco anos. Confirmando essa projeção, o volume de peixes cultivados vai passar de 188 mil toneladas para 376 mil toneladas até 2027.
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E tem boca para todo esse peixe! A fome pelo animal tem aumentado nas últimas décadas. O consumo global per capita saltou de nove quilos em 1961 para 20,5 quilos em 2018. No Brasil, o consumo de peixe gira em torno de 10 quilos per capita ano, abaixo do recomendado pela FAO, que é de 12 quilos/ano. Ou seja, há mercados e paladares para o peixe conquistar, possibilitando que o Brasil assuma o rótulo de “aquário do mundo”.
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