Ex-vilão das dietas, ovo rouba espaço das carnes no prato do brasileiro

Você pode ser carnívoro, daqueles que não dispensa um bom pedaço de carne na hora do almoço. Ou mesmo vegetariano, que substituiu as proteínas animais por outros alimentos. Mas, provavelmente, o bom e velho ovo, na sua forma primitiva ou na composição de receitas, faz parte do seu cardápio.

Esse consumo frenético pode ser projetado com base nos dados da produção de ovos de galinha no Brasil. Segundo a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), o país produziu 56 bilhões de unidades em 2021. Neste cenário, o Paraná é destaque, ocupando a segunda colocação no ranking nacional, com 4,3 bilhões de ovos, (358,2 milhões de dúzias produzidas e 9% do total), atrás apenas de São Paulo.

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Fazendo uma conta simples, é como se cada brasileiro, considerando a população de 212 milhões de pessoas, tivesse o direito a consumir 264 ovos ao longo do ano. A média global de consumo desta proteína é de 230 unidades anuais. A notícia ruim é que o preço do ovo registrou alta de 12% nos últimos 12 meses, mais que a inflação (10,54%), reflexo das geadas e estiagem nas regiões produtoras de grãos, principalmente o milho, usada na ração das galinhas.

Nos últimos anos, pelo menos aqui no Brasil, a produção de ovos tem conquistado cada vez mais espaço nas refeições das pessoas em função dos efeitos econômicos negativos gerados pela pandemia do coronavírus e dos altos preços das carnes, principalmente bovina (Veja aqui cortes de carne mais baratos e deliciosos). Mesmo a carne de frango, que antes serviu de refúgio para população em substituição à vermelha, tem atravessado constante altas. No esforço de encaixar as compras no orçamento e não deixar faltar proteína na mesa do almoço, a população está consumindo mais ovos.

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Na verdade, apesar de ser mais acentuado nos últimos anos, o crescimento no consumo de ovos já vem ocorrendo nas últimas décadas. Segundo a ABPA, as pessoas consumiam anualmente 61 ovos na década de 1970, pularam para 77 em 1980, 89 na década seguinte, chegando a 94 ovos em 2000. O brasileiro só ultrapassou a marca da centena em 2010, atingindo 148.

A explicação para essa escalada é simples. Carne nunca foi um item barato. Ao contrário, sempre pesou bastante na conta do supermercado e no bolso do consumidor. Hoje, o custo elevado das proteínas animais, por conta da alta da ração e dos combustíveis, coloca o ovo em uma situação vantajosa. Ainda, existe o reforço em relação à saudabilidade do produto, que por muitos anos foi considerado um vilão das dietas, condenado pelo teor de colesterol. Hoje é o contrário, pois profissionais da área médica recomendam o consumo de ovos por ser uma alimentação saudável.

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Não é difícil prever o futuro do setor. Com a economia nacional descontrolada e os preços aumentando sistematicamente, as chamadas “poedeiras”, como são conhecidas as galinhas nas granjas, vão precisar acelerar o passo para entregar ovos. Hoje, as galinhas produzem, nada menos, que 1,5 mil unidades produzidas por segundo no Brasil.

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Ovo ainda mais presente?

É indiscutível que o ovo assumiu, definitivamente, posição estratégica para a segurança alimentar do país. Parte pela sua qualidade e benefícios, parte pelas consecutivas altas nos preços das carnes, que inviabilizam o consumo por parte da população. A tendência é que o ovo, seja frito, cozido, mexido ou nas receitas, esteja ainda mais presente na mesa das pessoas. Só não estranhe se o preço da iguaria continuar subir, dentro da famosa regra da oferta e procura.

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