Historicamente, alguns setores da sociedade e/ou da economia são ditos como masculinos. Mas, há algum tempo, a agropecuária, aos poucos, tem deixado de fazer parte deste universo, por conta das transformações da porteira para dentro e também do lado de fora. Há décadas, as mulheres deixaram de apenas preparar as refeições que os maridos e os demais trabalhadores levavam para a lavoura para assumir postos na cadeia produtiva do agronegócio. Os tempos são outros. E são delas, por méritos próprios. Hoje, o estereótipo de que o meio rural é um ambiente totalmente masculino está desatualizado.
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Ainda é difícil mensurar a presença das mulheres no meio rural. Os números são vagos, principalmente depois que o governo federal suspendeu, consecutivas vezes nos últimos anos, o Censo Agropecuário, produzido pelo IBGE, alegando falta de orçamento. Porém, uma pesquisa aplicada pelo autor desta coluna no ano passado junto a centenas de produtores rurais do Paraná apontou que 32% são mulheres, enquanto 68% são homens. Em outras palavras, a cada três produtores de grãos ou pecuaristas em território paranaense, um é mulher! E, sem medo de errar, podemos ampliar esses números para o âmbito nacional.
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Vamos além. A frase “por trás de todo grande homem existe uma grande mulher” também não se aplica ao meio rural. Não que as mulheres não sejam parceiras na gestão dos negócios. Mas, ou ela está ao lado do homem ou mesmo a frente das propriedades, colocando, literalmente, a mão na massa, coordenando equipes de funcionários, dirigindo plantadeiras e colheitadeiras e, da porteira para fora, comandando órgãos e entidades do setor.
Estão aí a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, e a presidente da Sociedade Rural Brasileira, Tereza Vendramini, que não me deixam mentir. Isso apenas para citar dois exemplos, pois garanto que o campo está cheio deles. No mês passado, a revista Forbes divulgou a lista “100 Mulheres Poderosas do Agro”, que estão transformando os segmentos do setor. Arrisco dizer que o pessoal que comanda o periódico teve dificuldade para definir apenas uma centena de nomes diante da enorme quantidade de mulheres que despontam no meio rural. Afinal, por onde você olha, em qual seja o elo da cadeia produtiva da agropecuária, elas estão por ali, desenvolvendo o trabalho com eficiência e competência.
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Então, quando avistar uma mulher no meio de uma plantação de grãos, dentro de uma granja com milhares de frangos ou dirigindo um trator, ela não é a esposa do produtor rural. Ela é a produtora rural! E, com certeza, uma importante engrenagem da agropecuária paranaense, de outros estados e brasileira.
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