Nos últimos anos, as cervejas artesanais/especiais viraram febre entre o público urbano. Tenho amigo que na época da faculdade bebia as tradicionais cervejas, aquelas pilsen encontradas em abundância nas prateleiras dos supermercados, mas hoje não admite mais. Só quer saber de cerveja especial com aroma, sabor e coloração “diferenciadas”. Confesso que sou partidário daquele chope Brahma, tirado com dois dedos de espuma, para manter a conservação da bebida, como ensinou meu pai, ao longo dos mais de 15 anos que esteve do outro lado do balcão do bar.
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Fato é que a febre por essas bebidas especiais/artesanais tem impulsionado o mercado brasileiro de cervejarias. De acordo com o Anuário da Cerveja 2021, do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), o país contava com 1.549 cervejarias no ano passado, 12% a mais em relação a 2020 (1.383). Ou seja, mesmo em meio a pandemia do coronavírus, o número de estabelecimentos cresceu.
A maior parte das cervejarias está nas regiões Sul e Sudeste, num total de 1.329. O estado de São Paulo lidera o ranking, com 340 estabelecimentos, seguido pelo Rio Grande do Sul (285), Santa Catarina (195) e Minas Gerais (189). O Paraná aparece na quinta colocação, com 158 cervejarias, 11 a mais em relação a 2020.
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Ainda conforme o estudo do Mapa, o número de cidades com pelo menos uma cervejaria também aumentou, saltando de 609 em 2020 para 672 em 2021. A capital São Paulo é o município com mais cervejarias, 51. Porto Alegre vem na sequência, com 43. E, Curitiba, a cidade que “não tem mar, mas tem bar”, conforme a frase emblemática atribuída ao poeta Paulo Leminski, aparece na terceira colocação com 25 estabelecimentos.
Mas, para abastecer tantas cervejarias oferecendo bebidas ao público urbano é preciso matéria-prima de qualidade no campo. No caso, a cevada! Neste quesito o Paraná é destaque, afinal, é o principal produtor do país, responsável por cerca de 70,8% da safra nacional.
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Esse movimento por parte dos produtores rurais paranaenses não é à toa. Além das cervejarias espalhadas pelo país, o próprio Paraná tem registrado investimentos em maltarias, o que amplia a demanda pelo grão. Hoje, a maltaria da cooperativa Agrária, em Guarapuava, consome toda a cevada produzida no estado para a fabricação de malte cervejeiro, fornecido para diversas cervejarias do Brasil. Mas outras fábricas estão se instalando, mexendo com o mapa paranaense da cevada. A qualidade da matéria-prima produzida no campo garante também a exportação de cervejas para 79 países (dado de 2021).
Da cevada ao malte
Como curiosidade, para transformar a cevada em malte, os grãos são molhados em um tanque de forma que comecem a germinar/brotar. Neste processo, cada grão processa as enzimas que vão converter o amido em açúcares, que mais tarde se transformarão no álcool presente na cerveja. Depois de brotar, os grãos são levados para uma estufa para secagem e torra. De acordo com a variedade escolhida e com o tipo de torra, é possível produzir diferentes tipos de malte, como o Pale Ale, Munique, Vienna, entre tantas outros.
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Independentemente do tipo, do aroma, da coloração, se especial, tradicional ou artesanal, as cervejas estão aí, em quantidade e qualidade, à disposição do público urbano. Basta aproveitar a maré alta do setor, procurar algum bar e/ou cervejaria espalhada pelo Paraná que sirva cerveja que agrade e beber. Ops, degustar, como diz o meu amigo de faculdade.