Se tem um condimento que cai bem com qualquer alimento, prato, quitute, aperitivo ou refeição é o azeite de oliva. O óleo, claro, quando de boa qualidade, ajuda a enriquecer o sabor e ressalta o aroma. Se assim como eu, você é fã de azeite, utiliza em praticamente todas as refeições, prepare o bolso. O produto deve ficar (ainda) mais caro nas prateleiras dos supermercados nos próximos meses. Isso por conta de um fenômeno climático que está ocorrendo milhares de quilômetros distantes do Brasil.
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A Espanha é o maior produtor mundial de azeite, responsável por quase metade da produção global. A questão envolve a pior seca nas últimas décadas em algumas partes da Península Ibérica, exatamente onde estão as planícies de oliveiras. Só para esclarecer, caso o leitor desconheça, o azeite é produzido a partir do óleo obtido diretamente da azeitona.
Com a seca, os frutos das oliveiras, este ano, estão “atrofiados” nas árvores, o que vai resultar na queda de rendimento e, consequentemente, de um terço da produção espanhola, deixando a situação do azeite local devastada. E não há previsão de chuvas nos próximos meses para, ao menos, melhorar a situação. Assim, como bem sabe o cidadão urbano, entra em vigor a famosa lei da oferta e procura. Com menos produto espanhol no mercado mundial, mais raro e caro ele se torna.
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No Brasil, o produto será inflacionado, pois não há para onde correr (ou recorrer). O país importou, em 2021, mais de 100 milhões de litros do produto, 99% do azeite consumido pelo mercado interno. Isso coloca o país na segunda posição do ranking mundial de importação de azeite, segundo a International Olive Council (OIC).
Por outro lado, sempre precisamos olhar o copo meio cheio. Esse problema na Espanha, que vai acarretar no aumento de preço do azeite por aqui, pode ajudar a impulsionar as iniciativas brasileiras de produção de azeite de oliva. Hoje, o Brasil conta com, aproximadamente, 120 marcas de azeites registradas. De forma tímida, o número vem crescendo ano a ano.
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O maior polo nacional é o Rio Grande do Sul, onde se concentram grandes propriedades na região das planícies com temperaturas frias. Isso porque as árvores precisam de sol, terreno inclinado e pedregoso, além de 200 horas de temperatura abaixo de 10° graus por ano. O estado gaúcho é responsável por 70% da produção nacional. Há produção também na Serra da Mantiqueira, na divisa entre São Paulo e Minas Gerais, onde os olivais e a produção são menores. Ainda, iniciativas, digamos, alternativas, ocorrem inclusive aqui no Paraná. Alguns produtores têm apostado na produção de óleo e azeite de abacate. Já experimentei, mas ainda fico com o original, a base de azeitona.
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Considerando o mercado nacional, há espaço (e consumidor) para a produção brasileira de azeite se expandir. Por aqui, o consumo por pessoa é bastante baixo, inferior a 0,5 litro por ano. Como comparação, na Grécia, cada pessoa consume 22 litros por ano, e na Itália, 12 litros.
Diante deste cenário, resta aos apreciadores de um bom azeite algumas alternativas: ou torcer para São Pedro colaborar com chuvas na Espanha, torcer para a expansão da indústria brasileira de azeite ou preparar o bolso para preços elevados do produto. Independente da alternativa, não dá para fazer uma refeição sem azeite, pelo menos no meu caso.