Um dos desdobramentos de uma coluna que aborda temas do cotidiano é a participação dos leitores, inclusive com sugestões de temas. Desde que a Coluna Rural & Urbano começou, em outubro, várias pessoas sugeriram, entre outros assuntos, falar sobre transgênicos, principalmente para desmistificar pontos que, por mais absurdos que pareçam, geram dúvidas, principalmente ao público urbano. Afinal, uma embalagem com a palavra “transgênico” ou, no rótulo, o ícone de um triângulo amarelo com um T no centro ainda causa arrepio em muitos consumidores, apesar desta tecnologia já estar inserida no mundo há mais de 25 anos.
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Primeira coisa, vamos deixar claro logo de cara, não tenho a pretensão de fazer a defesa, digamos, científica deste tipo de alimento. Afinal, não sou nutricionista, nem pesquisador (não da área de alimentos), muito menos médico. Mas, como jornalista, cabe compartilhar dados, números e fatos que podem desmistificar algumas lendas urbanas.
Os alimentos transgênicos são produtos que tiveram seu DNA modificado. Mas para que isso? Entre outros motivos, aumentar a resistência à pragas e doenças, garantindo uma maior produção no campo e, consequentemente, na mesa. Trazendo para a nossa realidade atual, é como a vacina contra o coronavírus, que deixa as pessoas com maior resistência à doença. Ou como uma gravidez por inseminação artificial, onde há uma interferência laboratorial no início, mas o bebê vai se desenvolver e nascer naturalmente. Na transgenia é mais ou menos assim, as plantas têm mais resistência a ervas daninhas e insetos, por exemplo, mas seguem seu rumo natural.
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Mas isso não é novo nas nossas vidas. A transgenia começou há quase três décadas na agricultura mundial com a finalidade de aumentar a produtividade agrícola. Em outras palavras, produzir mais alimentos para a população global.
E tem dado certo! Em 1996 era 1,7 milhão de hectares cultivados com transgênicos no mundo. Em 2018, essa área saltou para 191,7 milhões de hectares, aumento de 113 vezes. Mais de 70 países produzem esse tipo de alimentos (com as mais rígidas regras e leis e muita pesquisa por trás). O Brasil é o segundo maior produtor, atrás apenas dos Estados Unidos.
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Esses dados do parágrafo anterior já reforçam o título desta coluna. Mas, podemos mencionar que a lista de plantas transgênicas no mundo vai do milho e soja até o feijão e trigo, passando pela canola, girassol, cana-de-açúcar e algodão, para citar apenas parte.
Mais, muitos quitutes do nosso cotidiano, que talvez você esteja comendo enquanto lê essa coluna, mesmo sem se atentar, provavelmente tem algum alimento transgênico na composição. Quer uma prova? Óleos, farinhas, farofa, cereais, margarina, maionese, bolo, pudim, chocolate, achocolatado, macarrão, queijo e iogurte (a lista é enorme) são produzidos com ingredientes transgênicos.
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Então, ao invés de se preocupar com termos e símbolos, que são aferidos por pesquisadores, médicos e nutricionistas antes de ir para gôndola do supermercado, aproveite para degustar a soja da sua salada ou do seu hambúrguer vegano ou mesmo aquele pastel de feira frito na hora em óleo bem quente e deixemos os mitos envolvendo transgenia e vacinas para a turma das fakenews do WhatsApp.