Brasília está discutindo agora o futuro da previdência social. É a prioridade. Sem resolver o seu desequilíbrio, não há solução para a economia. A conta do INSS é de R$ 516 bilhões por ano e só em 2016 faltaram R$ 151,9 bilhões. Só para comparar, é o mesmo que o Brasil paga de juros por toda a dívida externa, com um agravante: o déficit da previdência cresce há 20 anos,
um problema estrutural.
A raiz do problema: na previdência social, quem trabalha contribui para pagar, no mesmo mês, quem está aposentado. O dinheiro entra por um lado no caixa e já sai no outro. E o Tesouro complementa o furo. Num regime financeiro como esse, a relação ativos/inativos é fundamental. No lado dos ativos produtivos, de onde vem a receita, o que influencia é a taxa de natalidade. Na década de 70 eram 5 filhos por brasileira, hoje só 1,7. Resumo: a receita só tende a decrescer.
No lado dos inativos aposentados, de onde vem a despesa, além de ter mais aposentados todos os anos, eles, felizmente, estão vivendo mais. Só nos últimos 13 anos, aumentou em 5 anos a expectativa de vida. E é normal chegar aos 85 anos hoje. Resumo: a despesa só vai aumentar.
Sabem qual a idade média das aposentadorias no Brasil? Pois é só de 54 anos. Pensem comigo: podemos nos dar ao luxo de manter um aposentado 31 anos? Aliás, ele não para. Continua a trabalhar até na mesma empresa e usa a aposentadoria como uma segunda renda.
E aí cai numa armadilha: com o salário e a aposentadoria, na maioria das vezes, dobra a renda mensal, melhora o padrão de vida, troca de carro, de casa e vive assim até uns 65 anos. Aí, cansado, decide parar, mas vê que vai ter que continuar trabalhando para manter o novo padrão de vida.
Se você leitor tiver o privilégio de se aposentar cedo pelo INSS, não use nenhum centavo da aposentadoria até decidir parar definitivamente. Deposite tudo numa previdência privada. Depois de 10 anos, a aposentadoria na previdência privada será igual à do INSS. E lá na frente, aos 65 anos, vai ter as duas rendas para poder viver bem até morrer. Olha, temos que amadurecer como sociedade ao invés de só envelhecer.
Renato Follador