Antigamente, previdência se chamava família e a contribuição era o filho gerado. As famílias tinham muitos filhos e um deles – geralmente o mais novo – ficava com a obrigação de cuidar dos pais idosos.
A industrialização e a migração para as cidades sepultaram essa solidariedade familiar. Ela foi substituída pela previdência social e a solidariedade intergeracional. Uma geração garante a renda na velhice da que lhe antecedeu no mercado de trabalho, e a contribuição é uma parte subtraída do salário.
Mais recentemente a previdência privada, se não substituiu, complementou a previdência social e implantou a solidariedade entre trabalhadores da mesma empresa, sindicalizados do mesmo sindicato e cooperados da mesma cooperativa.
Semana passada, eu fazia uma palestra. Um senhor da plateia, seu Jonatas, me disse que fez o seguinte: mandou os quatro filhos para ótimas faculdades particulares, manteve-os financeiramente até conseguirem um bom emprego e fez um trato com eles: quando ele se aposentasse os filhos retribuiriam pagando, cada um, um salário mínimo enquanto ele e a mulher vivessem.
Hoje, ele ganha 2.500,00 do INSS, mais R$ 3.992,00 dos filhos. Dá R$ 6.492,00 por mês, o suficiente, segundo ele, para viver bem com a mulher.
Olha, não podemos desconsiderar a volta, um dia, à solidariedade familiar. Ao menos para complementar a aposentadoria de outros regimes. Talvez os filhos, no futuro, venham a ter que cuidar dos pais idosos, com uma diferença: não mais por obrigação, como antigamente, mas por amor.
A contribuição para essa previdência, não mensalmente, mas diariamente, é amor e participação na vida dos filhos. Lembram: amor com amor se retribui.
Por isso, pais, dediquem mais tempo aos que dependem de vocês hoje, pois um dia vocês poderão depender deles.