Crédito consignado é um dos empréstimos com menor taxa de juros do mercado. Inclusive, recentemente, o governo federal intercedeu para estabelecer limites para os juros no caso dos aposentados do INSS. O trabalhador pode comprometer até 30% da renda mensal e tem até 72 meses para pagar.
Só que mais de 90% do crédito consignado é de contratos com servidores públicos ou aposentados e pensionistas do INSS. Isso mesmo, não chega a 10% os contratos com trabalhadores do setor privado.
Resposta: inadimplência.
Como os servidores públicos, em tese, não podem ser demitidos – têm estabilidade no emprego – a inadimplência deles é muito baixa, permitindo aos bancos praticarem juros menores. Na média, 1,75% ao mês. Já nos contratos do setor privado, próximo de 3%, porque os trabalhadores do setor privado não têm estabilidade no emprego, podem ser demitidos e o banco não receber o dinheiro.
Há uns 10 anos, falei aqui que o FGTS era a compensação aos trabalhadores do setor privado à falta de estabilidade no emprego. Funciona como um seguro desemprego.
Pois não é que o governo atentou para isso agora e vai propiciar a redução dos juros do consignado aos trabalhadores do setor privado!
Vou explicar como: O FGTS servirá como garantia do empréstimo consignado. A Caixa, que administra o FGTS, criará uma conta à parte com 10% do valor do FGTS mais o valor equivalente à multa de 40% por demissão sem justa causa. A quantia ficará segregada na conta do FGTS do trabalhador até que o empréstimo seja quitado, reduzindo o risco para as instituições financeiras e diminuindo os juros.
Pergunta: como ninguém enxergou isso antes em Brasília?