Shawarma, fritas e refri por R$ 28: queridinho sírio vai mudar de endereço!

Foto: Átila Alberti / Tribuna do Paraná.

Bem ali no Centro Histórico, mais exatamente na Travessa Nestor de Castro, um simples restaurante de comida árabe tem surpreendido muitos curitibanos que despretensiosamente conheceram o lugar. Entre os pratos, o shawarma se destaca. O sanduíche é bem feito, preparo original pensado com detalhes por quem entende. Wessam Al Hraki, hoje empresário, veio da Síria em 2012 e é quem assina a receita que conquistou paladares na região histórica.

Um lanche simples de origem árabe, mas que precisa ser feito com todo rigor nos detalhes: carne bem preparada, temperada com equilíbrio, em corte fino, recheado com salada fresca. “Eu tento deixar o tempero, o preparo, o mais próximo do original. O shawarma é o carro-chefe do AlBeek. Eu sou sírio e meu trabalho na Síria sempre foi na cozinha. Então eu não estou fora do ramo, cheguei aqui e faço o shawarma da forma original”, conta o empresário Wessam.

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Para quem ainda não conhece, o shawarma é um lanche preparado no pão sírio, recheado com carne temperada gentilmente, assada em espeto giratório e fatiada finamente, mais salada de alface, tomate, picles e cebola, e batata frita. Para acompanhar, uma boa maionese de alho. No AlBeek, a versão tradicional, feita com carne bovina e frango, custa R$ 22. O combo, com refrigerante e uma porção de batata frita, fica apenas R$ 28. O sanduíche é bem recheado, com bastante carne.

Shawarma do AlBeek. Foto: Átila Alberti / Tribuna do Paraná.

Quem passa pela Travessa Nestor de Castro talvez tenha a impressão de que o AlBeek sempre esteve ali. Na verdade, está ali no local há nove anos. Começou pequeno. “Foi bem difícil quando comecei, mas graças a Deus deu certo. Comecei com apenas uma loja, um salão pequeno. Agora são quatro, uma do lado da outra. Eu fiz três reformas aqui, até estava pensando em fazer outra, dar outra cara ao AlBeek, mas infelizmente vou precisar sair daqui”, explica Wessam.

Rua da Memória, mudança de endereço

Em janeiro, a Prefeitura de Curitiba divulgou um grande projeto de revitalização da região histórica da capital. E bem ali, na Travessa Nestor de Castro, a galeria em que o AlBeek faz parte será demolida para dar espaço a Rua da Memória. O projeto recém divulgado quer transformar a região num espaço para abrigar múltiplas atividades culturais. A Tribuna do Paraná contou detalhes da proposta em reportagem recente (leia aqui).

Um ganho para o urbanismo da cidade, mas triste notícia para Wessam. Com a revitalização, o proprietário do imóvel pediu a desocupação do espaço. “Como o AlBeek vai precisar sair daqui, estou interessado em alugar um espaço na mesma região. Eu esperava que a prefeitura nos ajudasse, desse a oportunidade de nos ajudar a encontrar um lugar pertinho daqui, para não ficar longe do nosso ponto”, desabafou o empresário.

Enquanto o AlBeek não encontra um novo endereço fixo, Wessam segue na busca de um novo local para mudar. O empresário pensou até em voltar ao mesmo local, na região revitalizada mesmo, na Rua da Memória.

Infelizmente, ficar exatamente na mesma região não será possível. O Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba (IPPUC), em resposta ao Rango Barateza, informou que o novo projeto de revitalização não vai contar com espaço para comércio.

Falafel, esfirras, doces árabes

O simples restaurante AlBeek oferece também uma boa variedade de esfirras a R$ 5,99 cada: queijo, espinafre, coalhada seca, carne, frango, homus, palmito, shnqlish – queijo árabe vegetariano. Massa fina, leve, e diferentes formatos, tanto esfirras abertas como fechadas.

O tradicional kibe frito também está no cardápio a R$ 6,99. O kibe cru, que acompanha cebola, hortelã e pão árabe sai por R$ 23.

O falafel, bolinho de grão de bico que costuma ser mais conhecido entre o público vegetariano, é vendido em porção (R$ 20) ou também no shawarma (R$ 17). É levemente temperado e frito e servido com molho tahine, feito com gergelim.

Férias no Brasil e a aflição da guerra

O AlBeek, um dos restaurantes mais bem avaliados pelo Google na região histórica de Curitiba, nasceu de um conflito. Num momento de incertezas, o restaurante uniu a família de Wessam. Juntos, eles superaram um dos períodos mais difíceis para os sírios.

Ao planejar as férias com os amigos em 2012, Wessam não imaginaria que estaria na verdade preparando sua bagagem para ficar definitivamente num novo país. Veio ao Brasil para passear com alguns amigos: visitaram Rio de Janeiro, São Paulo, Foz do Iguaçu. Até que uma série de conflitos na Síria progrediram para uma violenta guerra civil.

“Eu fui ficando, mas não tinha certeza de que iria ficar definitivamente aqui. Foi mais ou menos um ano pensando. Resolvi trabalhar por aqui, para mandar dinheiro para a minha família. Trabalhei de 2012 até 2015 para as pessoas, em restaurantes, restaurante árabe, fazendo shawarma. Então juntei dinheiro e abri o AlBeek. Com certeza, valeu a pena”, reitera.

Com a proposta do AlBeek na cabeça, Wessam resolveu lucrar para ele mesmo e não mais para as pessoas. Aos poucos foi conquistando estabilidade em Curitiba, trouxe a família e os filhos para cá, que vieram ao Brasil há mais ou menos cinco anos.

Entre os parentes que continuam na Síria, Wessam conversa com frequência. “A vida está difícil por lá. O país saiu recentemente da guerra. Então está tudo difícil, tudo caro. Sempre falo com meu irmão que ficou lá. Ele é casado e tem filho. Sempre que posso, penso em ajudar, mando dinheiro para ele”.

Cozinheiro e empresário, a batalha de Wessam – que conquistou seu próprio negócio – é inspiradora. Com restaurante de segunda a sábado, das 10h30 até 22h30, 23 horas, a luta é diária. “Quem trabalha com comida sabe, o ramo não é fácil. Parece tranquilo, não é só fazer comida e vender. Tem que fazer compras, preparar comida, vender, limpar, administrar”, esclarece.

*Os valores do cardápio divulgados no post são de fevereiro de 2024 e podem sofrer alterações.

Que tal conhecer o AlBeek?

O restaurante AlBeek fica na Travessa Nestor de Castro, 180 – São Francisco. Funciona de segunda a sábado, das 1030 às 23 horas. Fechado aos domingos. Realiza delivery pelo iFood. Telefone: (41) 99750-8755.

Tem dicas de Rango Barateza? Manda aí!

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