Costela desmanchando vira recheio de sanduíche no Boteco do Bolacha

Foto: Eloá Cruz.

No coração do Bairro Alto, uma simples porta de boteco “esconde ouro” às quintas-feiras: um sanduíche de Costela assada (R$ 20). Ah, meu amigo, o golpe é baixo, bem na boca do estômago. Servido no pão francês, o sanduba é preparado com costela assada desfiada, muçarela derretida, maionese verde da casa e vinagrete que vem preparada e cortada bem fininha, com muito capricho.

A obra-prima é assinada por Guilherme Assis de Oliveira, o Bolacha. É ele quem dá o nome para o boteco familiar que nasceu simples e sem muita pompa em 2014. O Bolacha trabalhava na área industrial e resolveu juntar uma graninha para abrir um botequinho. “Coisa simples, de bairro”, confidenciou.

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Seu pai, um mineiro baixinho e simpático, foi padeiro por muitos anos. Tinha uma padaria no bairro, que depois virou uma mercearia. A mercearia então foi virando boteco. “Começamos bem simples. Era uma portinha de seis metros quadrados: balcão, rabo de galo, salgadinho, coxinha na estufa. Aumentamos uma peça, uma cozinha pequenininha. Fomos tocando o barco, colocamos uma chapa e começamos com nosso carro-chefe mais antigo: o pão com bolinho”.

O pão com bolinho (R$ 23) é receita da avó. Feito com carne moída, farinha de rosca e um tempero incrível. “Sou aventureiro na cozinha. Resolvi acrescentar costela e bacon na carne e deu muito certo”, conta Bolacha. O lanche vem também com bastante queijo derretido, vinagrete e maionese verde.

Com o passar dos anos, o cardápio simples foi aumentando, veio a calabresa, as fritas. Em meio a alguns altos e baixos, Bolacha precisou voltar para o mercado industrial, para ajudar a complementar a renda da família.

O bar seguiu, passou apertado durante a fase da pandemia, mas sobreviveu. Bolacha terminou a faculdade, saiu de um emprego no Hauer e investiu no boteco. “Sempre prezei pela simplicidade e capricho. A gente resgata a raiz do boteco armazém. Não vejo muito isso hoje em dia. O pai vai tomar uma cerveja, a criança pede um Chocomilk, um doce de balcão”.

Iguaria fina no Bolacha

Se a obra-prima é servida às quintas, há espetáculos também em outros dias da semana. O pão com bolinho é servido toda quarta e sábado. Às terças, carne de onça. Nas quintas, o sanduíche de costela e a famosa dobradinha. Sexta-feira é dia de outro grande sucesso da casa: o sanduíche de coração.

Aos domingos, como a casa só abre para o almoço, o Bolacha serve assados. O tradicional frango assado inteiro, tem também só coxa e sobrecoxa, panceta, maionese. Coisa de ‘padaria’.

No balcão, outra joia escondida. Dourada, geladinha. Não estou falando das cervejas, que têm preço bom e são servidas geladinhas. A graça mesmo é a batidinha de maracujá, preparada pelo próprio Bolacha. Maracujá, gengibre e manjericão batidos com cachaça Pitú. Coisa fina.

Doce de balcão, o primeiro-amor de boteco

Existem sabores e cheiros que fazem a gente voltar no tempo. No Boteco do Bolacha, não só cada detalhe da decoração – quadros, discos, brinquedos e cacarecos que servem para cutucar antigas memórias de infância – os doces buscam lá longe os tempos de recreio. Maria-mole, Teta de nega, Gelatina colorida, Doce de amendoim, Doce de leite, Doce de abóbora. Lembra aquele doce que vinha dentro da casquinha de sorvete? Alguns vinham com bexiga, outros com um anelzinho. Lá no balcão do Bolacha tem todos eles.

Foto: Eloá Cruz.

Não resisti e levei para casa uma Maria-mole na casquinha de sorvete. A lembrança tão gostosa te faz continuar no conforto da nostalgia durante o resto da noite.

Num olhar sem pressa pelo boteco, discos, fitas K7, placas, brinquedos, bonequinhos, objetos antigos. É telefone, rádio, videogame, televisão. Um relógio de pulso, uma pia de banheiro que virou um vaso de planta. Luvas de boxe, prancha de surfe, guitarra. Tantos cacarecos que parece até que o bar tem mais de 50 anos.

“Se mexer aqui, parece que estraga. Sempre fui amante de boteco, armazém. Desde novo, sempre fui detalhista. Sempre era o cara que ficava olhando para o teto, reparando detalhes. Sou apaixonado por música, artes”, conta o empresário.

O nome, apelido desde sempre

Bolacha, que dá nome ao boteco, é apelido do Guilherme já há muitos anos, dos tempos de escola. Como sempre tem em toda escola, um grupo de coleguinhas traquinas resolveu tirar sarro com o gordinho, o rosto redondo. “Sofri um pouco com o bulllying. Sempre tive um rosto redondo, rosto de bolacha. Daí a galera começou a me chamar de bolacha, bolachão de mel. Isso mexia muito comigo, brigava com todo mundo. Mas parecia que quanto mais eu brigava, mais me zoavam. Acabei me acostumando com o apelido. Quando me chamam de Guilherme, acho estranho”, revela.

Guilherme Assis de Oliveira, o Bolacha. Foto: Eloá Cruz.

Anos mais tarde, já com o boteco, o nome Bolacha surgiu entre os amigos. “Um amigo tomando no bar criou uma fanpage do Facebook, para marcar que estava aqui: ‘Boteco do Bolacha’. E aí ficou, nem era esse o nome que eu escolhi. Pensei em milhares de nomes, mas esse ficou”, explica o proprietário.

*Os valores do cardápio divulgados no post são de agosto de 2023 e podem sofrer alterações.

Onde fica o Boteco do Bolacha?

O bar abre de terça a sábado, das 17h30 às 23 horas. Aos domingos, abre das 10 às 15 horas. O movimento é maior nas quintas e sextas. Vá com paciência, pois os pedidos na cozinha podem demorar para chegar na mesa. Fecha as segundas.

O Bar do Bolacha fica na Rua Rio Japurá, 1.462 – Bairro Alto. Telefone: (41) 3527-1355. O

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