Os segredos da coxinha mais tradicional de Curitiba

Coxinha de frango e requeijão da Dois Corações.
Foto: Eloá Cruz.

Ela reina absoluta como a coxinha mais querida de Curitiba. Quando se fala em coxinha, não há sequer um curitibano que não deixe de lembrar da Dois Corações. No hall da fama da gastronomia curitibana, ao lado de lugares clássicos como o Madalosso e Bar do Alemão, a Dois Corações é o nosso cartão-postal do sabor popular.

Ela surgiu em 1992. Começou como um restaurante de prato feito na Galeria César Franco, ali na Rua Emiliano Perneta. Ficava na terceira loja da galeria, recém inaugurada. “Ficamos numa loja pequena e aí o vizinho, que ficava logo na frente, tinha uma loja maior, de roupa, e saiu. Então nos mudamos, ficamos cinco meses na loja pequena”, lembra Rafael Giacomelli de Moraes, um dos sócios proprietários da empresa.

Ao se mudar para a loja maior, o restaurante mudou o serviço de almoço, passou a trabalhar com buffet. Naquela época, a Dois Corações oferecia apenas refeições. E foi num olhar atento da dona Solange Maria Giacomelli, que os saborosos salgados passaram a fazer parte do cardápio.

Coxinha pioneira

Foto: Eloá Cruz.

“Minha mãe teve a ideia de servir os salgados à tarde, para incrementar com a refeição. Foi assim que ela viu a necessidade de criar uma linha de produtos”, conta Rafael. Dona Solange foi visionária e pioneira. “Foi a primeira vez que eu vi alguém colocar requeijão na coxinha. Isso tem 32 anos. Inclusive, o jeito de montar a coxinha é diferente, por causa do requeijão. Tinha que ser diferente”, revela.

Em tempos em que a pizza de frango era só com frango, e pizza com queijo era feita sem requeijão, a coxinha da dona Solange ganhou popularidade rapidamente com esse toque especial.

A coxinha da Dois Corações foi conquistando o coração do curitibano. A receita sofreu poucas alterações. E posso dizer, de criança até hoje, o sabor continua o mesmo. O frango levemente temperado, requeijão que escorre, massa simples e uma boa casquinha feita com farinha de rosca, que deixa o salgado bem crocante e bem sequinho.

A coxinha com requeijão custa atualmente R$ 11,40. Há outras versões, só de frango ou especial por R$ 9,50. Entre os salgados fritos, a Dois Corações também oferece rissoles de camarão, de carne, palmito e queijo e os quibes. Os valores variam de R$ 7,40 a R$ 13,80 a unidade.

Se a coxinha é a rainha da Dois Corações, o príncipe é o empadão de frango. Ele fica em segundo lugar na preferência do público da confeitaria. A fatia generosa custa R$ 15. Além dele, há outros salgados assados, opções que são perfeitas tanto para um almoço como para um café da manhã ou um lanche. Esfirras, brioches, baurus, lasanhas, sanduíches naturais.

Não dá para deixar de falar dos bolos e tortas, que garantem boas vendas. São doces incrementados feitos com morango, com chocolate, abacaxi, coco. Tem mousses, docinhos e até aquele clássico pudim de leite. Os valores são atrativos e bem populares, de R$ 6,90 a R$ 17,50.

Negócio de família

O restaurante Dois Corações funcionou por bastante tempo. Os salgados, claro, foram ganhando fama e ocupando um espaço bem significativo nas vendas. No final dos anos 90, a família abriu uma loja em frente ao Palácio Avenida, antigo Bamerindus, na Travessa Oliveira Bello.

“Dali a gente ampliou, ficou maior. Surgiu a oportunidade de abrir a terceira loja, na Rua XV, no calçadão. E assim foi. No começo não foi fácil. Eu lembro da gente ir fazer compra no Makro. Eu, meu pai e minha mãe. Eu sempre tive a felicidade de sempre estar junto. Trabalhava com meus pais, estudava. Ajudava na hora do almoço, arrumando o salão, recolhia mesa, almoçava rapidinho e ia para o colégio. Era bem familiar, uma alegria trabalhar”, relembra Rafael.

Rafael e o irmão Carlos cresceram e tocam o negócio da família. Engenheiro hoje, Rafael cuida mais da parte administrativa e Carlos, formado em gastronomia, fica no controle de qualidade e na criação de novos produtos. A dona Solange, hoje com 76 anos, se aposentou. Criativa, hoje ela dedica tempo pintando quadros e criando mosaicos.

Qualidade, padronização e expansão

A Dois Corações hoje conta com seis lojas, sendo cinco delas no Centro de Curitiba e uma no calçadão de São José dos Pinhais. Para dar conta do grande volume de vendas, foi preciso criar uma pequena fábrica para produzir os salgados elaborados com excelência em qualidade e padronização.

Diariamente, cerca de cinco mil coxinhas são vendidas pela rede de confeitarias. A qualidade todo mundo conhece. A coxinha já até recebeu o título de melhor da cidade pelo Prêmio Bom Gourmet, eleita pelo sabor popular em 2017.

Foto: Eloá Cruz.

Para manter o padrão, a fábrica da Dois Corações produz salgados com maquinário próprio, projetado especialmente para as receitas próprias. A cozinha, segundo Rafael, é uma das melhores de Curitiba. “Ela é um exemplo para a Vigilância Sanitária. Eles realizam visitas anuais, vão com frequência. Tudo no padrão correto”, confidencia, com orgulho.

Nos últimos anos, a Dois Corações avançou seus processos de produção com base em tecnologia. Para poder crescer, foi preciso investir em processos. A montagem da coxinha, por ter um recheio diferente, passa por um processo único de produção. Pronta para expandir, a marca estuda abrir uma loja num shopping de Curitiba.

Dois Corações, “a original”

Uma série de fatores fazem a coxinha da Dois Corações ser única. Desde o processo de fabricação, a tradição e o sabor. “Nós valorizamos desde o respeito com os nossos colaboradores, clientes e fornecedores – que trazem produtos de qualidade. É um conjunto de fatores que leva a um resultado final. Por isso é tão difícil copiar”, revela o empresário.

Durante os últimos anos, vários tentaram copiar a receita de sucesso. “Café Corações, Doces Corações, Coração Curitibano, esses foram o que mais incomodaram. As pessoas acharam no direito de fazer o mesmo layout. E todo o processo jurídico não foi fácil. As pessoas ligavam para a gente, para o nosso SAC, xingando, dizendo que a coxinha estava estragada. Demorava até a gente entender que a loja que a pessoa foi não era da Dois Corações”.

A Dois Corações está na memória afetiva do curitibano. Há quem lembre de comer o salgado antes de ir para a escola, ou quem passou para comer uma coxinha com a família, com os avós. Os salgados clássicos alimentaram muita gente, já foi ponto de encontro de amigos, casais, um almoço mais simples e apressado de muita gente. Se tem a coxinha mais saborosa da cidade? É difícil dizer isso, diante de tantas opções. Com certeza, é a mais querida entre elas.

**Os valores do cardápio divulgados no post são de novembro de 2024 e podem sofrer alterações.

Que tal uma coxinha da Dois Corações?

Em São José dos Pinhais:

Rua XV de Novembro, 1432, Esquina com a rua Mendes Leitão

Em Curitiba:

Rua Senador Alencar Guimarães, 186 – Centro
Alameda Dr. Muricy, 622
Praça Tiradentes, 500
R. Barão do Rio Branco, 61
R. João Negrão, 296

Elas funcionam de segunda a sexta, das 9h às 19h, e aos sábados, das 9h às 18h. Realizam também entregas pelo iFood.

CONFIRA O MENU COMPLETO DO RANGO BARATEZA:

Sanduíches;
Sopas;
Pizzas;
Massas;
Doces e sobremesas;
Salgados;
Pratos feitos;
Carnes;
Petiscos;
Buffet.

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