Já tem algum tempo que busco por um bom espetinho em Curitiba. Visitei vários lugares nos últimos meses, mas nenhum que pudesse ser bom para uma indicação especial aqui no Rango Barateza. Até que lembrei de um antigo espetinho que costumava ir com meu pai quando ainda morava no Juvevê. Ali no Hugo Lange, um simples barracão continua entregando o essencial: carne macia, bem temperada, com bom vinagrete, ambiente familiar, cerveja gelada e preço justo. Precisa mais?

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Nos dias quentes, de verão, o Daniel e Xixo Espetinhos é lugar certo para bater um papo, tomar uma gelada, desacelerar. A criançada brinca e corre solta ali. Não há formalidades e os atendentes são sempre simpáticos – detalhes sinceros que fazem muita diferença.

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Daniel Lopes Izar, de 40 anos, foi quem começou com a venda de espetinhos. Ainda jovem, com seus 18 anos, queria trabalhar, ter seu dinheirinho. Viu no armazém do tio, no simples bar, uma oportunidade. “O Bar do Juca, que fica na esquina, não servia aperitivo. Então eu imaginei fazer espetinhos. Comecei um dia e foi indo, a clientela aos poucos foi aumentando. Um grupo de motoqueiros aparecia de vez em quando para ajudar, para fazer movimento. O pessoal ia quando via o volume todo, acabou chamando clientela”, relembra Daniel.

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E assim foi. Daniel passou dois anos vendendo espetinho ali na esquina, em frente ao bar do tio. De uma maneira bem improvisada e com a ajuda do pai, Daniel construiu o barracão, onde até hoje fica a casa de espetinhos.

O nome? Daniel e Xixo Espetinhos. O xixo é aquele espetinho montado com carne, pimentão, cebola e bacon intercalados. Neste caso, o nome é o apelido do pai de Daniel. “O porque desse apelido do meu pai eu não sei, mas ele gosta mesmo é de ser chamado de Xixo. Hoje ele fica em casa, está aposentado. Trabalhou comigo mais de 15 anos”, conta Daniel.

“Aprendi errando”

O motivo de ter escolhido espetinhos para vender Daniel não sabe explicar. Talvez por alguma influência do pai, churrasqueiro e fazia eventos, ou também porque viu no espetinho uma oportunidade.

Sem saber como se fazia, Daniel encarou o desafio e aprendeu ‘na marra’. “Eu aprendi errando. Eu não sabia fazer espetinho. Errei muito, o tempero da carne, o tipo de carne que se compra. Tem umas que funciona e outras que não. Umas ficam duras, outras não. Os temperos eu fui mudando, tem alguns que ficam forte demais, outros que não pegam. Os clientes iam dizendo, e eu ia mudando, sempre mudando. Cada um que reclamava eu mudava, até chegar a uma altura que ninguém reclama mais”, confidencia.

Os pitacos dos clientes acabaram dando certo. O espetinho é macio, com tempero na medida, suculento, tem aproximadamente 120 gramas cada unidade. O que se coloca no tempero da carne, Daniel não abriu muito o jogo. Pode ser que o segredo do sucesso esteja ali. Na verdade, o sucesso mesmo está na maneira como a casa de espetinho cresceu e se consolidou: simplicidade e dedicação durante todos esses 22 anos.

Simples e notável até na Alta Gastronomia

Vender espetinhos foi o primeiro emprego de Daniel. Com 18 anos, ele decidiu colocar sua ideia em prática e não desistiu. Havia dias de chuva, outros que não havia movimento nenhum. Para não desanimar, seu pai estava sempre ali para dar apoio e suporte.

“Eu não sabia cozinhar. Meu pai trabalhava com churrasco, mas eu não acompanhava ele. Sempre fui curioso, mas não cozinhava. Olhava a minha mãe cozinhando, ficava observando, mas nunca pensei em aprender”, conta Daniel.

Com o passar dos anos, o empreendedor foi aprendendo a trabalhar com a carne, com os temperos. Os espetinhos são até hoje montados um a um diariamente.

E de forma bem peculiar, os espetinhos do Daniel – que começou sem saber cozinhar – chamou a atenção do Celso Freire, um dos grandes chefs da gastronomia no país. Vizinho do espetinho, Daniel conta que Celso sempre aparece por lá. E faz recomendações aos amigos.

Em 2012, o famoso espetinho ficou em terceiro lugar na categoria sabores populares do Prêmio Bom Gourmet – da Gazeta do Povo.

Foto: Eloá Cruz.

De 3 a 4 mil espetinhos por semana!

Com o passar dos anos, Daniel empregou boa parte da família. Hoje são oito funcionários, todos parentes. “Minha mulher, meu tio, minha tia. Eu acabei dando emprego para todo mundo da família”, brinca.

Os espetinhos são vendidos de quarta a sábado, mas a produção deles é de domingo a domingo. “Por semana eu vendo em média de 3 a 4 mil espetinhos. Agora no fim do ano, fica mais movimentado, de outubro em diante o movimento aumenta”, conta o empresário.

O espetinho de alcatra é o campeão de vendas (R$ 10). Há também os outros sabores: frango, queijo, kafta, linguiça, mignon suíno e coração – cada um sai a R$ 9,50. Os espetinhos de picanha bovina e carneiro são R$ 15. O pão de alho custa R$ 6. As cervejas ficam na média de R$ 15 a garrafa de 600 ml.

Para acompanhar os espetinhos: vinagrete de tomate, pimentão, cebola e cheiro verde e farofa temperada. Não há pimenta, nem no tempero das carnes, nem no vinagrete. Para quem curte uma pimentinha, o molho é oferecido a parte.

*Os valores do cardápio divulgados no post são de dezembro de 2023 e podem sofrer alterações.

Daniel e Xixo Espetinhos

Que tal aproveitar a sexta com cerveja gelada e espetinhos? O Daniel e Xixo abre de quarta a sábado, das 18 às 23 horas. Fechado às segundas, terças e domingos. Neste fim de ano, o bar fecha para férias coletivas, do dia 24 de dezembro de 2023 até o dia 17 de janeiro de 2024.

Se a intenção é conhecer os espetinhos do Daniel e Xixo, a minha dica é chegar cedo ou depois das 21 horas. O local costuma encher, mas vale a pena! Ele fica na Rua Dr. Goulin, 980 – Hugo Lange. Aceita também pedidos de delivery, via iFood. Telefone: (41) 3263-4302.

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