Crepe do Terminal do Cabral: pioneira, Iraci revela ingrediente especial

crepe terminal cabral
Foto: Eloá Cruz.

Se você estudou no Colégio Estadual do Paraná, ou talvez no Tiradentes, Professor Brandão, e precisava passar pelo Terminal do Cabral para voltar para a casa, conhece o Crepe da Iraci. Ele fica ali no sentido bairro do terminal. Antes o ônibus Solar parava bem ali do lado, mas acabou mudando de parada tem um tempo.

Os estudantes, assim como muitas vezes fiz, usavam o dinheiro para pegar o busão até o terminal, e compravam um crepe. Se fosse no fim da manhã, virava almoço. Se fosse fim da tarde, quase jantar. Há quase 28 anos que Iraci Bolsi, 67 anos, vende crepes no mesmo ponto. “É muita história pra contar”, revela.

Iraci vem de uma família de oito irmãos, todos meio “chegados” no comércio. “Meu irmão mais velho, Leodir Bolsi, foi quem começou vendendo os crepes no Santa Cândida, no antigo terminal. Antes da reforma, eu vendia sorvete. A Urbs então pediu o comércio, com a promessa de que a gente receberia um espaço novo, mas não foi bem assim. Depois da reforma, uma licitação foi aberta. Os lances foram muito altos, não deu para pagar”, relembra.

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No Cabral, Iraci viu a oportunidade de negócio no crepe, com base no movimento do irmão. “Quando eu comecei aqui, peguei a receita dele e aprimorei. Com o passar dos anos, eu desenvolvi a minha receita de crepe e dos churros também. Fui aprimorando até chegar no meu paladar. Se pro meu paladar é bom, vai ser bom para o meu cliente”.

Com o tempo o negócio do crepe da Iraci foi crescendo, aprimorando. Um dos irmãos dela tem um quiosque de crepe, também no mesmo terminal, mas cada um com a sua receita própria de massa.

Diariamente a Iraci faz de sete a oito baldes de massa, cada um com 10 litros cada. A quantidade média de crepes vendidos no dia, Iraci não faz ideia. “Eu teria que fazer as contas, é difícil”. Hoje, o quiosque vende também, além dos crepes e churros, sorvete, café, bebidas e outros tipos de salgados.

A massa é leve, gostosa, fofinha e ao mesmo tempo com a borda crocante. Os sabores tradicionais, de queijo, queijo e presunto, bacon, calabresa, peito de peru, lombinho, custam R$ 8 cada. Só a massinha, R$ 6.

Há também os sabores especiais, de pizza (R$ 12), frango desfiado com catupiry, cheddar ou cream cheese (R$ 15) e carne seca com cream cheese (R$ 15). Super crepes com recheio duplo (R$ 12) e triplo (R$ 15).

Entre as opções doces, o clássico queijo com goiabada – preferido da Iraci (R$ 8). Tem também de chocolate preto, branco, misto, Twix – tudo R$ 8 cada. Nutella triplo, para os mais apaixonados por doce, sai por R$ 16.

Apaixonada por crepe, Iraci sugere logo o sabor para quem ainda não provou: “três queijos, com prato, provolone e muçarela, é o tradicional e muito bom. Tem também o de carne seca com cream cheese, que por conta do valor (R$ 15), muita gente acaba não comprando, mas ele é muito gostoso.

Com o crepe, ela viajou e conheceu muitos países

Foi aos 45 anos que Iraci, bancária há 15 anos, pediu demissão. Separada e sem emprego, foi morar de aluguel. Iraci tinha duas filhas e não podia desistir, então resolveu correr atrás. “Eu conto a minha história para as pessoas, se você tiver vontade e garra você consegue superar. Comprei minha casa, meu carro. Minhas filhas estudaram fora, fizeram faculdade, tudo com o crepe”, revela.

Bem no começo, quando não podia pagar funcionário, Iraci chegava para trabalhar 6 horas da manhã, todos os dias. O esforço foi valendo a pena e aos poucos Iraci deixa o negócio nas mãos da filha mais nova – que deve continuar tocando o quiosque da mãe.

Uma loja fora do terminal? Para Iraci ainda é outra realidade. “Agora é por conta da minha filha”, brinca. Ela dá a dica do negócio: “a máquina tem que estar ligada o dia inteiro, tem que ter fluxo para compensar o gasto de energia, senão tudo vira em despesa. Shopping não dá, o aluguel é muito caro. Por hora, fico no terminal”.

Foto: Eloá Cruz.

E o ingrediente especial da massa?

A história tão interessante da Iraci quase me fez esquecer de contar o segredo por trás da massa tão levinha e gostosa do crepe. Se você gosta de cozinhar como eu, fica com a curiosidade.

A empresária lembra da história de um cliente de 28 anos de idade – ele conheceu o crepe com a avó, quando ainda era menino, “uma coisas mais gostosas do mundo”, disse o rapaz para ela.

Qual o borogodó da massa? Ela então revela o segredinho: leite, água – para não pesar muito a massa, ovos, sal e açúcar na mesma quantidade, farinha de trigo, fermento químico e polvilho doce. Bate tudo no liquidificador. A massa é feita todos os dias, sempre fresquinha. Assim como os espetos com os recheios.

Mesmo tendo conhecido tantos lugares diferentes e tantos países, Iraci tem orgulho do crepe que faz. “Nunca achei por aí nada parecido. Em Paris, na França, a gente vê muito aquele crepe feito na chapa redonda, mas nada parecido com o crepe de máquina que a gente tem aqui”. Ela tem razão. Leve, gostoso e democrático. Mais uma opção de Rango Barateza em Curitiba. Tem que provar!

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