Bem discreto, dentro da galeria do Shopping Sete, um lanche simples está no coração do estudante há 32 anos. O Djalma Lanches esteve durante todos esses anos no mesmo lugar, na mesma portinha. Djalma Telles de Menezes Filho fez muitas amizades durante esses anos, e ainda continua.

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Djalma faz lanches desde os 34 anos. Na época em que começou, a Universidade Tecnológica era chamada pelo nome antigo. “Eu não consigo falar essa palavra ‘UTFPR’. Nós antigos, só falamos CEFET”, brinca.

Os poucos fios grisalhos que nasceram precocemente quando tinha 34 anos chamavam a atenção dos estudantes que passavam na lanchonete. “Falavam, ‘ei tio, você já tem cabelo branco’. Hoje eles chegam aqui, me veem com o cabelo todo branco. Muitos deles já mais velhos agora, estão grisalhos. Eu digo, ‘você vê como o tempo passa para todo mundo?”, conta Djalma, rindo.

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E assim, cheio de simpatia e leveza, Djalma tem o carinho de muitos estudantes. Amigos de longa data vem e vão, muitos que se formaram voltam para matar a saudade do Djalma e também dos lanches. São clássicos que há anos seguem no cardápio: X-Salada, X-Bacon, X-Egg, X-Burger, X-Calabresa. Um especial chama a atenção: o famoso X-Coxinha. Os preços variam de R$ 10,50 (X-Burger) a R$ 16 (X-Coxinha).

A criação inusitada partiu da fome de um estudante. “Tem mais ou menos uns 15 anos. O menino pediu um X-Burger. Olhou para a estufa e pediu para colocar o salgado dentro do lanche. No outro dia, outro aluno fez o mesmo pedido, queria também um igual. Aí ficou famoso”, relembra.

Hoje em dia, Djalma diz que é o próprio freguês que monta seu lanche. “Pode ser um X-Salada duplo, ou escolher um salgado da estufa, o cliente pode colocar quantos hambúrgueres ele quiser”.

X-Coxinha do Djalma Lanches. Foto: Átila Alberti / Tribuna do Paraná.

Hambúrguer artesanal há mais de 30 anos

Se nos últimos anos a febre de hambúrgueres artesanais tomou conta de Curitiba, Djalma pode dizer orgulhoso que tem uma receita artesanal própria há mais de 30 anos. O sabor é único, gostoso, mas é simples. O hambúrguer é bem fininho, feito com uma mistura de carne moída e pts – proteína texturizada de soja, trigo para dar liga, temperinhos como alho e cebola.

O lanche é trivial e acompanha a maionese da casa. Feita com ovos, azeite, sal e vinagre. “Demorou um tempo até a gente chegar no ponto certo. Muita gente pede a receita e diz que não fica igual a nossa. Eu pergunto ‘você contou quantas vezes a hélice do liquidificador girou?’ Aí que tá o ponto”, revela Djalma.

Hambúrguer raiz, não muda há anos. É muito gostoso, mas não tem como compará-lo com os lanches atuais. “É coisa de 30 anos atrás, hoje em dia os lanches estão totalmente diferente do que continuamos fazendo”, comenta o empresário.

Mesmo dentro da galeria, discreto, Djalma conta faceiro que o boca a boca é sua melhor propaganda. “Alguém vai indicar uma pessoa para vir aqui, vai trazer um amigo, que traz mais dez. No boca a boca as pessoas não mentem. Adoro quando vem criança. Uma me disse uma vez, ‘Djalma, o seu lanche é o melhor do mundo’. Tem coisa mais sincera que uma criança? Não tem. O adulto que é mentiroso”, conta.

Do Chevette velho ao lanche pronto em 30s

O desemprego sempre nos tira o chão, mas ao mesmo tempo nos dá coragem para empreender, naquele espírito ou vai ou racha. Com Djalma, a lanchonete surgiu num momento desses.

Desempregado, Djalma trabalhava de casa. Comprou uma máquina de tricô e produzia roupas. Até que surgiu a ideia de abrir uma lanchonete no final de 1991. “Eu tinha um Chevette velho, mais um dinheiro, minha mãe me emprestou também. A oportunidade apareceu e deu certo. No começo foi complicado, porque não sabia que precisava de capital de giro. Até engrenar demorou um pouquinho”, recorda.

Os primeiros meses na pequena lanchonete foram difíceis. Depois que Djalma acostumou, o amor pela chapa foi crescendo. hoje ele conta orgulhoso que monta um lanche mais rápido que qualquer fast food. “O povo perguntava antigamente quanto tempo demorava para sair o lanche. ’30 segundos’, eu respondia. ’30 segundos? Eu não acredito’, me dizia. A gente pré-frita os hambúrgueres. Só esquento tudo na chapa, coloco maionese, salada e pronto. Não perde sabor porque fazemos ele pouco tempo antes”, detalha Djalma.

No pequeno espaço, em tempos de grande movimento, Djalma revela que chegou a vender por anos mais de 500 lanches por dia. Para manter o ritmo, tinha que ter uma agilidade fora do comum. “A logística aqui era louca. Eu tinha horário para fazer pagamentos, compras, tinha que voltar correndo. Quem vê o tamanho da lanchonete, o tamanho da chapa, vai dizer que sou mentiroso”.

Pisada no freio

Com correria insana e muitos pedidos na lanchonete, Djalma sentiu que precisava olhar mais para a saúde. Durante muitos anos, as refeições da semana se resumiam a lanche na chapa. “Eu rezava no fim de semana para comer feijão”, brinca.

Aos poucos, o estilo de vida foi mudando. Djalma parou de fumar, começou a correr. “A última corrida que fiz foi em novembro, 42 km. Faço muita subida pela Graciosa. Essas corridas que têm em Curitiba, fiz quase todas. Agora corro sempre para manter a saúde, o coração ativo”, explica o empresário.

A pisada no freio veio com os conselhos de amigos. Djalma trabalhava mais de 12 horas por dia e percebeu que dinheiro não é tudo. “Você sempre quer ter, conquistar coisas. E nessa eu quase não via o ano passando, não conseguia fazer nada”, revela. O empresário ainda brinca, “tenho seis netos. Eu falei para eles, ‘ou vocês estudam, ou tocam a lanchonete’. Foi todo mundo estudar”.

Djalma fez dois anos de Administração, mas acabou abandonando o curso com a correria do dia a dia. Não deu conta. Sem diploma, Djalma agradece o que conquistou: “Graças a Deus diz a minha administração da vida fez sucesso”.

*Os valores do cardápio divulgados no post são de setembro de 2023 e podem sofrer alterações.

Conheça o Djalma Lanches

O Djalma Lanches abre de segunda a sexta-feira, das 8 às 21 horas. Fechado aos sábados e domingos. Entrega via iFood. O Djalma Lanches fica na galeria do Shopping Sete, na Avenida Sete de Setembro, 3.146 – Centro. Telefone: (41) 3232-4599.

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