Diante dos últimos dias de recorde de calor em Curitiba, o Rango Barateza procurou algo para aliviar o calor e foi atrás de uma boa sorveteria. No bairro Água Verde, o Rango encontrou a Gelateria Leopoldina, uma portinha muito charmosa que serve sorvetes artesanais que são criados de uma maneira um pouco fora do convencional.
Sim, fora do convencional. E sabe por quê? Eu posso dizer os sabores que provei, os sabores que eu mais gostei, mas nem sempre eles vão estar lá disponíveis no cardápio. É porque o chef patisserie que comanda a confecção dos gelatos cria sabores inusitados, autênticos, numa forma de criar uma experiência única a quem visita a gelateria.
Fui até a sorveteria e pedi uma casquinha com duas bolas (R$ 20). Pedi um sabor refrescante, de abacaxi com limão e gengibre, e um gelato clássico, de Torta de Limão. A combinação foi perfeita. No topo da casquinha, o sorvete de abacaxi aliviou o calor com todo o seu frescor. E logo mais abaixo, o gelato de Torta de Limão veio mais encorpado, mais cremoso, com pedacinhos de biscoito que dão aquele toque único e quebram com delicadeza o azedinho do limão.
Na Gelateria Leopoldina, uma bola de sorvete fica por R$ 12, duas por R$ 20 e três por R$ 28. Antes de tomar a difícil decisão de qual escolher, dá para provar uma colheradinha de cada sabor no balcão.
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Gelato ou sorvete?
Afinal, existe alguma diferença ou é só mais uma maneira glamourizada de falar de sorvete? Para o proprietário da Gelateria Leopoldina, Giovanni Bracale, tanto faz. Isso porque gelato é a tradução de sorvete em italiano. Então, tanto faz dizer um nome ou outro. Só que no Brasil, o gelato pode ser considerado entre algumas pessoas como um sorvete “premium”, artesanal e de mais qualidade. “É uma diferença que não deveria existir. Aqui nós usamos grutas, água, açúcar e muito amor nos gelatos de fruta. Os de nata usamos leite, creme de leite regional, algumas castanhas, pistache, amêndoas importadas. Colocamos muito amor, muito prazer, que faz acontecer. É a minha alma no gelato, e criatividade”, comenta Giovanni.
Giovanni Bracale é chef pâtisserie – uma forma mais formal de dizer que é especializado em confeitaria. Paulistano, formado pela Federazione Italiana Cuochi Brasile, ele trabalhou em grandes restaurantes de São Paulo, com grandes chefs. Entre eles, o francês Laurent Suaudeau e Erick Jacquin. Fez carreira no Sofitel, um dos grandes hotéis de luxo da capital paulistana. “O Laurent sempre me deu oportunidade de crescer. Ele gosta bastante de gelato. Então ele me deu todas as ferramentas para executar um bom trabalho”, relembra Giovanni.
Com a paixão pelos gelatos, Giovanni se especializou no creme gelado. Em 2016, participou do concurso Talentos do Gelato, da Sirha São Paulo, e conquistou o 2º lugar numa competição nacional que busca grandes profissionais da área da gastronomia que sejam versáteis, criativos e ágeis na produção de um gelato artesanal. A competição fica no mesmo nível das outras grandes competições internacionais que acontecem no evento, como o Bocuse D’Or e o Coupe du Monde Pâtisserie.
“A gente levou um gelato de pistache e fizemos um gelato de pera Belle Helène [uma sobremesa clássica francesa feita com peras cozidas]. Imagina a pressão, um brasileiro, latino, fazendo uma sobremesa clássica francesa desconstruída e transformada num gelato, para um francês provar. Ficamos em segundo lugar. Isso foi muito gratificante”, contou.
A arte de criar novos sabores
A Gelateria Leopoldina tem dois anos e é a sexta loja do Giovanni, que trabalha na área já há algum tempo. O empresário, que adora criar e pensar sempre em novos sabores, enfatiza que a sua sorveteria não é nada tradicional. “Todos os dias o nosso cardápio muda. A gente tem produtos e matéria-prima diferente. Creme de leite regional, da região de Witmarsum. Compro a maioria das matérias-primas no Mercado Municipal, no Festval. Eu consumo produtos dos mercadinhos aqui do lado. Eu tenho muitos vizinhos, que me acolheram, e que trazem coisas para mim. Limão galego, jabuticaba, amora. Eu ganho muitos mimos para fazer os nossos gelatos. E aí a gente retribui colocando o nome da fruta e o nome do vizinho [no sabor]”, revela.
Entre as criações, misturas ousadas como melancia com canela, manjericão com caramelo, capim limão, cumaru com coco, gelato de castanha de caju com damasco, de caipirinha de limão, banoffee, até de queijo muçarela Fior de Latte. Diariamente, Giovanni oferece oito sabores diferentes do dia. O menu é divulgado previamente na página oficial da sorveteria no Instagram, @gelaterialeopoldina.
“No decorrer do dia os sabores vão mudando. É uma oportunidade do cliente se apaixonar, ter uma nova experiência. A gente trabalha com sazonalidade. O de abacate só na época de abacate. Temos um gelato de Panetone que só é feito em dezembro. Os clientes entendem que a gelateria está em movimento. Todos os dias buscamos coisas novas. Eles às vezes sentem falta de um sabor ou outro, mas entendem que ao chegarem aqui vão ter a oportunidade de se apaixonar por um novo sabor”, explica o chef.
As inspirações do chef vem de vivências da profissão e também de resgate afetivo. O sorvete clássico de morango, por exemplo, aparece em novas versões. Ele já foi feito com leite condensado, dando aquele toque de sobremesa já tão conhecido.
“A gente quer resgatar essa memória gastronômica. Da sobremesa de leite condensado com morango, da Torta de Limão que a nossa avó fazia. Sorvete de laranja que traz aquele sabor de café da manhã. É essa memória gastronômica que a pessoa tem a oportunidade de viver ela”, defende.
**Os valores do cardápio divulgados no post são de fevereiro de 2025 e podem sofrer alterações.
Gelateria Leopoldina
Que tal um sorvetinho? Na Gelateria Leopoldina fica na Rua Monsenhor Manoel Vicente, 281, loja 04, no Água Verde. Funciona de terça a domingo, das 13 às 19 horas. Fechada às segundas.
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