Eu vi a decisão da Copa América entre Argentina e Chile pela televisão ainda meio abalado por uma virose cavalar. Além do estado de saúde o meu estado emocional não era dos melhores. Estava preparado para ver a supremacia argentina, com futebol de primeira e grande show de Messi atropelar um Chile voluntarioso e bem organizado pelo técnico Jorge Sampaoli, que embora argentino se candidatava a ser herói chileno, coisa irônica. Talvez mais irônica que a Argentina ser campeã mundial com um técnico brasileiro, porque os dois países têm historicamente rivalidades maiores. Mas ironias também fazem parte da vida. Ah, se desse zebra, na qual eu não acreditava, e o Chile fosse campeão? Neste caso, me preparava para algo amargo. Um show de Valdívia.

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Não vi nada disso. Aliás não vi grande futebol. Esta a verdade. Foi por água abaixo a suspeita de que Valdívia em vez de mago foi bruxo com o time para o qual eu torço, o Palmeiras, por tê-lo usado de resort para levar o seu país a ser campeão da América pela primeira vez. O que não deixa de ser patriótico, mas não é algo a comemorar por quem há alguns meses esteve a beira do rebaixamento na Série A. Alguém pode indagar: mas você foi ver o jogo pensando nestas besteiras? Eu responderia: em que deveria pensar? Não sou argentino, nem chileno. O único espetáculo que vi foi o da torcida chilena. Vi Valdívia sair do segundo tempo malcriado como sempre, xingando o técnico, certo em tirá-lo porque não jogava nada. Só caia e pedia cartão.

Não vi show de Messi e nem gols. O jogo foi uma porcaria. Assim como a atuação do Brasil na competição foi medíocre. Durante a competição, tirando lampejos de habilidade e voluntarismo do peruano Paulo Guerrero, o nível foi ruim. Messi, que brilha no Barcelona, não lidera a seleção nacional. Um time como a Argentina (e também como o Brasil) não pode perder três pênaltis numa competição importante. O mago chileno jogou pela seleção o mesmo futebol apagado que jogava pelo Palmeiras. Ele não escondeu nada. Vive de lampejos e de ganhar muita grana. A verdade é que a Copa América mostrou que não temos, nesta parte do mundo, craques, mas um bando de medíocres que ganham como reis e jogam como burocratas arrogantes. O título do Chile, até pelo ineditismo, está em boas mãos. Porque ninguém fez por merecê-lo e os chilenos pagaram a festa.

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