Assim que terminou o jogo de quarta-feira no Maracanã entre Chile e Espanha, com a eliminação precoce da última campeã mundial, além do abatimento que tomou conta de todos os espanhóis, sobrou um pouco de frustração para quem comprou ingresso para ver em Curitiba o jogo entre um favorito ao título da Copa de 2014 e a então considerada fraca seleção da Austrália. Os menos otimistas consideravam que iam ver a Espanha se classificar neste jogo e os mais otimistas apostavam que ela chegaria classificada e faria apenas uma apresentação de gala. Pois bem! Como agora se sabe, não foi nem uma coisa, nem outra. A Espanha vai jogar em Curitiba e pegar o avião de volta.

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Ela chega eliminada para um jogo considerado amistoso que só não é cancelado porque estamos em uma competição esportiva que também é um grande negócio e os ingressos foram vendidos e os compromissos têm que ser cumpridos. Mas se fosse cancelado, não faria diferença. A Austrália também está eliminada. Jogo para cumprir tabela tem tanta emoção quanto fazer sexo em cima de uma pedra de gelo no Polo Norte, no meio de uma tempestade de neve. Não bastasse isso, logo depois da eliminação da Espanha começaram as piadas. Os engraçadinhos – não só torcedores de agremiações adversárias – saíram à forra contra o Atlético Paranaense que não tem nada com isso e cujo estádio, que esteve perto de ser excluído da competição, foi considerado um dos melhores pela Fifa na primeira rodada da competição.

Os gozadores disseram que a Espanha foi eliminada porque treinou no CT do Atlético e o primeiro empate sem abertura de contagem da Copa foi no estádio do rubro-negro, um tremendo pé-frio. Fama de pé-frio não restrita ao Furacão e que sobrou para Curitiba. Que foi chamada de Iceland nas redes sociais – Iceland, na realidade, é o nome da Islândia, país frio. O que seria do futebol sem as gozações! Muito bem. Mas gozações à parte, eu acho que o jogo Austrália e Espanha, no próximo dia 23, não será um velório como muitos apregoam. É minha teoria. Primeiro, porque a Espanha vai jogar pela última coisa que lhe restou na Copa: a honra. Se ela foi manchada com a eliminação precoce, pode ser pior se não sair com uma mísera vitória. Terá que lutar por ela. Nesta altura do campeonato, até um empate, ainda que com chuva de gols, não vai refrescar a fúria dos furiosos torcedores da Fúria.

Portanto, temos motivos para esperar um bom jogo. Ou pelo menos para ir ao estádio. Os dois times nacionais não aspiram a mais nada, mas ainda representam duas nações e isto não é pouca coisa. Segundo motivo: a Austrália. Os australianos, ao contrário do que se imaginava, jogaram para valer contra o Chile e o terceiro gol chileno saiu quando os australianos buscavam o empate a todo custo. Contra a Holanda, que goleou a Espanha por 5 a 1, a Austrália empatou o jogo logo em seguida, com um golaço de Tim Cahil e ainda virou a partida, obrigando a Laranja Mecânica a se espremer toda para tirar um suco daquele jogo. E não foi fácil.

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Portanto, será tão difícil para a Espanha quanto foram os jogos anteriores. O que aumenta a possibilidade de fazer uma boa partida. Quem for à Arena da Baixada correrá o risco de ver a única vitória da Espanha na competição ou uma derrota ainda mais humilhante dos espanhóis. Porque uma coisa é perder para a Holanda ou até para o Chile. Mas, perder para a Austrália, aí já seria um esculacho. Seria um resultado além de humilhante, histórico para as duas equipes. Por tudo isto, eu acredito que o jogo tem tudo para agradar. A não ser que os dois times se recusem a jogar e fiquem olhando os ponteiros do relógio se mover, para assim que terminar a partida, correr para o aeroporto Afonso Pena e cair fora do Brasil. Sinceramente, acho que nenhuma das duas faria isso. Afinal, é certo que a classificação ou títu,lo não estão mais em jogo. Mas mesmo para os eliminados sempre sobra alguma coisa para lutar. Para que o estrago não fique ainda maior. E a fúria da torcida mais sanguinária.