Se você tem 21 anos e gosta de correr no trânsito, saiba que…

Sim. Saiba que os jovens de 21 anos são os que mais morrem no trânsito. Claro que o recado implícito no título acima não é para ser seguido apenas por pessoas nesta faixa etária, mas por todo mundo que anda pelas ruas da cidade conduzindo um veículo automotor. Se eu usei esta faixa etária como chamariz é porque ela lidera a categoria “por idade” das vítimas que morrem no trânsito brasileiro, segundo pesquisa feita pelo Centro Brasileiro de Estudos Latino-Americanos. A entidade informa que a faixa de idade não entra no topo da parada macabra de graça. Tem explicações sociológicas e biológicas: os jovens são mais audaciosos e ousados, adjetivos bonitos no cinema, mas que não combinam com o trânsito onde é necessária a prudência.

E prudência é um adjetivo que além de ser muito útil, ajuda a prolongar a vida do condutor e de outras pessoas. Afinal tem gente que não morre mas sai matando por aí feito maluco, de forma irresponsável. Mas é aquilo que todo mundo sabe: os jovens são os que mais abusam de alta velocidade, abusam nas bebidas, abusam na direção perigosa e na ausência de cintos de segurança. E quando junta tudo isto, o bicho pega. Outra coisa que muita gente sabe até por ter flagrado pelo menos uma vez a cena numa rua qualquer é sobre a frequência assustadora dos acidentes de motos. É cada vez maior e vitima, mais uma vez, os jovens que conduzem motocicleta. Os motivos neste caso são os mesmos do caso com os condutores de carros, com mais um detalhe ou agravante: a ausência do capacete que pode não resolver tudo, mas ajuda a prevenir muita coisa.

O leitor deve estar pensando qual a razão de eu estar aqui escrevendo sobre mortes, acidentes, coisas chatas de ficar lembrando se tem tanta mulher bonita pelas ruas da cidade e tantas histórias engraçadas neste momento. Acontece que, como tem dia no calendário para tudo, criaram também o Dia Mundial em Memória às Vítimas de Trânsito. Que cai no terceiro domingo de novembro, dia 16. E aí vai uma sugestão: se você que anda de carro ou de moto não quer que a gente reze por você neste dia, este ano ou em algum dos próximos, a sugestão é tomar um pouco de cuidado. Principalmente o jovem que é sempre o mais afoito, autoconfiante e associa o ato de se locomover ao ato de liberdade e gosto por aventura e por isto mesmo se torna o mais vulnerável e justifica as estatísticas negativas.

Sociólogos acham que os pais podem atuar para reduzir o problema. Muitos ficam felizes da vida porque os filhos se tornaram adultos, terminaram a faculdade, ampliaram o circulo de amigos, estão ficando independentes e podem fazer tudo. E aí relaxam na vigilância. Filho é filho até o fim. E não é porque fez 21 anos que pode jogar pesado na adrenalina achando que vai aproveitar a vida ao máximo. Aí é que mora o engano. Deste raciocínio equivocado pode nascer uma tragédia. Tudo isto na realidade deveria levar o jovem a ser mais prudente, por uma simples razão: se ele se arrisca e morre, no cemitério ele não vai poder curtir a vida. Só uma cova fria. Portanto, prudência e caldo de galinha, não faz mal a ninguém. Os pais tem que negociar com os jovens, embora não seja fácil. Eles sempre têm a tendência de serem autoconfiantes e a negligenciar argumentos que não lhes interessam.

Bem, e para não transformar garotos e garotas em bodes expiatórios das mortes no trânsito, deve-se observar que existe além do exposto acima uma série de outros elementos que contribuem para as elevadas taxas de mortalidades no trânsito. As condições das estradas são uma delas. Claro que uma boa estrada contribui para reduzir o número de acidentes e uma estrada ruim aumenta as chances de tragédias. E há muito mais. O certo é que dezenas de milhares de pessoas morrem todos os anos em acidentes de trânsito no Brasil. Este é um problema grave e crescente. E deve ser combatido. Principalmente por quem está no centro do problema: o condutor.